Milhares de trabalhadores paralisaram as suas atividades no dia de hoje (14), em protesto contra a proposta de reforma da previdência apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro. Em Salvador, mais de 70 mil manifestantes caminharam nesta tarde do Campo Grande à Praça Castro Alves, no centro da cidade. A agenda de mobilizações começou ainda na madrugada, com o fechamento de fábricas, paralização dos rodoviários e uma caminhada da Rótula do Abacaxi até a Av. Antônio Carlos Magalhães, na região do Iguatemi, com a presença de mais de 10 mil manifestantes das centrais sindicais.
Os manifestantes protestaram contra os retrocessos da reforma, os altos índices de desemprego e contra os cortes em áreas vitais para o desenvolvimento do país, como a Educação, a Saúde e o desenvolvimento social. Em todo o estado, ao menos 35 cidades realizaram atos que também denunciaram os crimes cometidos pelo ex-juiz Sergio Moro e o procurador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallangnol, expostos na última semana em reportagens do The Intercept. Mensagens divulgadas pela mostram a clara intervenção do ex-juiz e atual ministro da justiça nas investigações da Lava Jato, coordenando ações, indicando testemunhas e adiantando o resultado das decisões para Dallangnol, o que é vedado à prática de um juiz.
“Esse governo não tem um projeto para geração de emprego. Ele entrega o país, destrói a democracia, destrói a nossa soberania, vende as subsidárias da Petrobras, entrega o nosso pre-sal, o nosso setor elétrica, entrega a nossa alta tecnologia. Mas, a classe trabalhadora, as centrais sindicais, os estudantes estão nas ruas desde as primeiras horas de hoje para dizer não a privatização da previdência”, afirma o presidente da Central Única dos Trabalhadores da Bahia – CUT Bahia, Cedro Costa, que comemorou a vitória do relatório apresentado a Comissão Especial da Reforma da Previdência com a retirada de propostas temerárias como a mudança para o regime de capitalização.
Para o presidente do PT Bahia, Everaldo Anunciação, “nossa luta já começou a dar resultados. Hoje o governo foi obrigado a recuar retirando do texto da reforma o fim da aposentadoria para os trabalhadores rurais, o fim de 400 reais para o BPC, a desconstitucionalização do reajuste do benefício pelo salário mínimo e também a capitalização, mas nós não queremos só iss, nós queremos o fim desta reforma que quer condenar os trabalhadores a trabalhar até a morte”, afirma. O presidente também chama a atenção para que o problema do país não é a reforma da previdência, “o problema do país é fiscal”.
“Nós queremos fazer também hoje, neste dia, uma denúncia do sequestro do ex-presidente Lula que está preso sem crime e sem provas. Estamos aqui também em denuncia aos crimes cometidos pelo atual ministro da justiça, Sergio Moro, que junto com uma quadrilha que estava no Ministério Público forjou uma acusação contra o nosso presidente, contra a democracia do Brasil e contra a nossa economia inclusive”, afirma Everaldo, ao defender a libertação imediata do ex-presidente Lula.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, fechou mais de 230 pontos de rodovias pelo país em protesto contra a reforma. Aqui na Bahia, segundo informações da dirigente estadual do MST, Lucinéia Durães, mais conhecida como Liu do MST, foram realizadas 37 mobilizações, entre atos nas cidades, tracamento de BRs e 2 ocupações de terra.
Liu chama atenção que estes atos tem por objetivo denunciar os males desta proposta de reforma e as “dívidas dos patrões que não pagam a previdência, que devem mais de 400 milhões”, afirma. “Nós acreditamos que para gente consertar o Brasil nós temos que falar sobre a democratização da terra, temos que falar em melhorar a educação e não em tirar recursos da educação, temos que falar em soltar Lula, pois isto é restaurar a democracia em nosso país. E queremos dizer que nós seguiremos em luta, em marcha até que seja reestabelecido o Estado Democrático de Direito”, conclui.