Embora ainda não tenha definido quem apoiará na eleição para o Governo da Bahia neste ano, a cúpula do MDB vem percebendo que, dentro do partido, há “quase uma unanimidade por Lula”. É o que aponta o presidente de honra do partido, Lúcio Vieira Lima. A sigla fez parte da gestão de ACM Neto (DEM) em Salvador e segue ao lado de Bruno Reis (DEM).
Segundo o dirigente, ele e o presidente da legenda no estado, Alex Futuca, vêm realizando consultas a diversas lideranças e filiados ao MDB na Bahia e, na maioria dos casos, há uma preferência política pelo ex-presidente.
De acordo com Lúcio, isto não significa, no entanto, que o apoio para Jaques Wagner (PT) esteja encaminhado. “Mesmo quem não vota em Lula reconhece a força dele, é o que chega mais fácil à população. O entendimento que o povo mais quer saber hoje é comida na mesa”, disse, em entrevista ao Aratu On.
Para ele, tanto Wagner como ACM Neto terão que se enquadrar num perfil que englobe esta vontade manifestada pela maior parte do MDB na Bahia.
Esse é o desafio de cada um. O desafio de Wagner é colar em Lula de forma tal, a exemplo das outras eleições nos últimos 20 anos, que definiram os vencedores aqui na Bahia. O desfio de Neto é tentar emplacar o discurso dele de que não é bem assim, que pode-se eleger Lula e ele. E ele teria capacidade de fazer isso”, avaliou.
Para ele, diante desde quadro, é a demonstração de que a disputa presencial terá efeitos na eleição na Bahia. “Por mais que digam que não, há uma nacionalização. E eu sinto isso nas consultas. Os que defendem Wagner dizem justamente isso. E quem defende Neto diz que a conversa não é bem assim”, pontuou.
“Eu estou ligando para prefeitos, lideranças, movimentos diversos do MDB, perguntando qual a ideia deles. Isso de dizer que fulano é dono de partidos, não é assim como dizem. Eu garanto que não tem partido mais democrático que o MDB. Você não pode se intitular liderança se faz a coisa sozinho”, acrescentou.
Lúcio ainda ressaltou que há pessoas dentro do partido que pretendem apoiar a eventual candidatura do ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos) – mas ele indica que é a “grande minoria”. “De 10 pessoas, uma quer ir com João Roma”, assegurou.
No interior, há um padrão: onde tem no município o MDB oposição ao grupo ligado a Neto, eles querem que vá com Wagner, por conta da questão local. E vice-versa: tem locais que querem ir com Neto. E também tem quem defenda a terceira via, como João Roma, logicamente de forma minoritária, até porque ele já começa a receber o sopro do bolsonarismo, mesmo que desgastado na Bahia, mas existe”, explicou.
Lúcio ainda admitiu a demora em anunciar a escolha. Ele lembrou que o intuito é conhecer todo o contexto político local, e ainda garantiu que a articulação emedebista não leva em consideração as pesquisas eleitorais – que colocam Neto à frente – e as promessas de cargos no futuro governo. “O Brasil está de um jeito que a política está diferente. Até que você escolha o melhor caminho, tem que saber os que existem”, disse.
“Ninguém quer a responsabilidade. Não estou me arvorando a líder, mas tento exercer, junto com Futuca, o papel de liderança de ouvir com o máximo de isenção. Eu não sou movido a tomar posição por questão de amor ou ódio e nem por cargo. Já entregamos cargo quando não precisávamos entregar. Já mostramos desapego a cargo e que não vamos pro alguém simplesmente por possibilidade de vitórias em pesquisas”, complementou.