Já está com a Justiça o relatório contra a delegada Maria Selma Pereira Lima, denunciada junto com Pedro Ivan Matos Damasceno, Carlos Antônio Franco Assis e Claudio Marco Veloso Silva na Operação Dublê. A servidora é investigada por falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, denunciação caluniosa e fraude processual.
De acordo com o Ministério Público da Bahia, Pedro Ivan foi denunciado pela prática dos crimes de furto qualificado, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, corrupção ativa, denunciação caluniosa e posse ilegal de arma de fogo.
Carlos Antônio Franco, por sua vez, poderá responder pelos crimes de furto qualificado e denunciação caluniosa. Por fim, Claudio Marco Veloso foi denunciado por usurpação de função pública.
Deflagrada no dia 7 de julho, a Dublê investigou a existência de grupo especializado na prática de delitos de furtos, roubos e clonagem de veículos, cujo Pedro, considerado o líder, mantinha relação amorosa com Selma. Segundo a denúncia, a delegada se utilizava do cargo e influência na Polícia Civil para garantir a impunidade do grupo.
Por meio do Instagram, a servidora ironizou o caso. “Bom dia meu amigos! Como é bom deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquila, mesmo quando chegam em sua casa em busca de algo errado e nada encontram! Quem anda com Deus nada teme! E olha, a melhor coisa é ser honesta e nunca se corromper!”, escreveu na legenda.
Os promotores de Justiça apontaram que o líder do grupo já tinha histórico criminal na prática de furtos, roubos, receptação e clonagem de veículos e, ainda assim, conservava “um forte relacionamento com a delegada”.
A denúncia afirma ainda que Maria chegou a falsificar documentos para possibilitar a devolução ilegal de um carro clonado apreendido com membros da quadrilha, além de ter introduzido um criminoso no ambiente da Polícia, acompanhando-a, como se fosse policial, portando armas e auxiliando-a nos favorecimentos ao grupo.
CASO
Maria Selma está afastada das funções desde quando o caso veio à tona, em setembro de 2020. Além da Justiça comum, ela também é alvo da Corregedoria da Polícia Civil. Apurações confirmaram os indícios de favorecimento ilegal e fraudes a favor da quadrilha de Pedro Ivan.
Segundo uma destas apurações, que está no Diário Oficial, Selma alterou, de forma fraudulenta, fatos noticiados por policiais militares na 16ª Delegacia Territorial (DT/Pituba) para beneficiar Pedro e o outro rapaz, suspeitos de tentar furtar um veículo, modelo Uno. Além disso, eles estavam em posse de um carro clonado, uma Strada.
Para não serem conduzidos à 16ª DT, os dois ofereceram R$ 1.600 aos policiais, mas os agentes não aceitaram o suborno. O inquérito descobriu que a então titular da 16ª DT acusou os policiais militares de extorsão, sem comprovação alguma, além de tentar liberar da delegacia a Strada clonada, com documentos falsos da proprietária, que jamais compareceu à 16ª DT e não teve seu carro roubado.
Ainda de acordo com o Diário Oficial da Bahia, a “servidora instaurou, de forma fraudulenta, o inquérito policial nº 256-A, mas não concluiu, tampouco remeteu ao Ministério Público e a suposta extorsão não foi comunicada à Corregedoria da PM”, como é de praxe nestes tipos de casos em todas as delegacias do país.
Os fatos ocorreram em 2016, mas só chegaram ao conhecimento da Corregedoria em junho de 2020 após um relatório produzido pela também delegada Carla Ramos ser remetido ao Ministério Público baiano.