Marcelo Cerqueira
O abraço!
Por um determinado tempo eu fiz trabalho voluntário comportamental na Penitenciária Lemos de Brito no bairro da Mata Escura em Salvador, eu fazia esse trabalho com a trans Michelle Marie, ela se encarregava de relacionar-se com as meninas e falar a sua linguagem.
Também atuei algumas vezes junto a detentos do presídio de Lauro de Freitas fazendo rodas de conversas. Nossa abordagem partia do pressuposto de não julgar as pessoas assim nós não perguntavamos qual era o seu crime. Mas se ela estava reclusa, estava cumprindo a sua pena.
Nós estávamos ali a convite dá cadeia para de alguma maneira fazer a humanização naquele ambiente e repreparar aqueles seres humanos para a reinserção na sociedade para que eles possam se tornarem melhores. É dever do Estado!
Então, eu, Michele, e tantos voluntários, líderes comunitários, médicos, enfermeiros, missionários, carcerários, advogados abraçaram e abraçam presidiários que cometeram crimes e não sabem quais foram os seus crimes, porque que em algum momento virão um ser humano.
Toda a comoção foi pela gestão do abraço. Como é que alguém pode abraçar uma pessoa com o comportamento monstruoso como de Suzi, ele não perguntou assim como nós, não sabia.
Mas Drauzio Varella é um médico humanista gigante e ele é tão grande e generoso para dar um abraço sincero a mãe do garoto vítima e um abraço de coração aberto e puro.