Após ser apontada como uma das participantes de um suposto ritual na Escola Municipal Dois de Julho, no bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, a mãe de santo conhecida como Paulete se pronunciou sobre o assunto por meio de um vídeo. O incidente na escola aconteceu na última sexta-feira (22/7), e uma reunião entre pais, professores e diretoria foi realizada na segunda (25).
No vídeo, Paulete diz que está sofrendo ameaças de morte. “Eu quero que a direção do Colégio Dois de Julho entre em contato comigo, porque eu estou livre para conversar com vocês. Minha consciência está limpa. Tem pessoas da Itinga que não me suportam, não querem ver meu crescimento”.
Na sequência, a religiosa relata que está sendo vítima de intolerância religiosa. “Só porque estou no axé, estão querendo sujar a minha imagem, sujar a imagem do meu babalorixá. Eu só quero saber qual foi o dia que entrei nessa escola, porque eu só entrei ontem. Foi armação para cima de mim. Era para eu gravar essa mensagem desde ontem, só que eu não estava com a cabeça certa”. Não tem uma confirmação exata da data em que ela gravou o desabafo.
Na sequência, ela comenta que está sendo ameaçada por homens e mulheres, e denuncia que os que estão fazendo as ameaças serão “revelados”. “Esse mistério vai ser revelado. A voz de um homem e a voz de uma mulher vai ser revelada. Quero pedir apoio ao pessoal do axé, do pessoal da base militar de Itinga e de toda a cidade de Lauro de Freitas, porque eu estou correndo risco de morrer na rua, de ser pega na minha casa”.
Por fim, a mulher frisa que está sendo acusada de ter praticado “magia negra” na escola, mas, quem estava no banheiro com os alunos da escola eram os “crentes”: “Só quero dizer a vocês que estão dizendo que fiz e aconteci de ‘trabalho’, de ‘magia negra’, porque quem estava no momento eram os crentes. Para não entrar em atrito, só vou dizer isso: deixa a minha vida em paz”.
RELEMBRE O CASO
Na última sexta-feira (22/7), estudantes da Escola Municipal Dois de Julho disseram que duas alunas praticaram rituais demoníacos no banheiro da escola.
De acordo com pais de alunos, que conversaram com a TV Aratu, todas as crianças que entravam no banheiro saíam passando mal e chorando. Ainda segundo os relatos dos familiares, a situação piorou quando Paulete supostamente invadiu a escola e tentou mutilar os jovens como parte do ritual.
À repórter Larissa Baracho, uma mãe relatou que o filho ligou para ela “desesperado” durante os acontecimentos da sexta-feira. “Eu só recebi a ligação de meu filho, desesperado, dizendo que duas alunas do colégio tinham feito um ritual dentro do banheiro, e todas as pessoas que entravam no banheiro começavam a desmaiar e a chorar desesperadamente”.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
O pai das alunas que foram apontadas como as responsáveis pelo ritual disse à TV Aratu que, na sexta-feira, foi para a escola após receber a notícia de que as filhas estavam doentes. De acordo com ele, que é candomblecista, os colegas de escola estavam dizendo que as meninas “estavam com demônio”.
“Quando eu cheguei na escola, vários alunos estavam chorando, se jogando no chão, e minhas filhas estavam no corredor. Me disseram que elas foram para o banheiro, mas, quando eu cheguei ao banheiro, estavam lá vários funcionários orando. No corredor, tinham várias mães, vários alunos apontando as minhas filhas, dizendo que elas estavam com demônio. Disseram que entrou um rapaz comigo que ‘fez seitas religiosas’ aqui, mas, nesse momento, não vi nenhum tipo de seita”.
Além disso, após o ocorrido, o pai das meninas disse que foi proibido de ir à reunião da última segunda-feira e que as filhas estão proibidas de voltar à escola por estarem sofrendo ameaças de morte. “Porque nós somos de Candomblé. Quer dizer que eu tenho que renegar as minhas raízes por causa de um motim de alunos? Gente, onde é que vamos parar com isso?”. Ainda de acordo com ele, foi o diretor da escola quem pediu para que as alunas não voltassem mais.
“Tiveram ameaças no WhatsApp, no Instagram, de pais e mães dizendo que iriam arrancar os olhos das minhas filhas. Quero saber qual foi o crime que a gente cometeu pelo fato de a gente ser adepto a uma religião de matriz africana. O que tem de errado nisso? Aqui na escola, não teve nenhuma ritualística de Candomblé. O que teve foi alunos dizendo que estavam com espírito entre eles mesmos”. O homem ainda informou que não tem qualquer relação com Paulete.