Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Todo mundo pensa que Getúlio se lançou candidato em 50 na famosa reportagem de Samuel Wainer, no Carnaval de 1949.
Meses antes, porém, ele já havia feito isso, numa reportagem de Rubens Vidal e fotografias de Flávio Damm, na “Revista do Globo” (nada a ver com as Organizações Globo).
O título não deixa dúvidas: “A longa viagem de volta”
E o fotógrafo, Flávio Damm explicou bem, em um depoimento, em 2003:
“Getúlio foi deposto em 29 de outubro de 45 e foi pro exílio na fazenda do Itu, em São Borja, no Rio Grande do Sul. Durante dois anos ele recebeu jornalistas do mundo inteiro, mas não recebeu fotógrafos. Estava muito gordo, aquela coisa, aquela bombachas. E não queria a idade dele explorar. Então ele não permitiu a entrada de fotógrafos. (…) E quando o PTB resolveu lançar Dr. Getúlio, eu chamo de Dr. Getúlio, resolveu lançar Getúlio candidato em mil novecentos… Pra 1950. Aquela coisa da volta. Volta do retrato… Volta do retrato do velho, não é? E o Queremismo. (…)Então, o Jango me chamou e disse: Olha, vamos ao Itu, fazer uma reportagem com o Dr. Getúlio, que ele vai concordar em fazer fotografia pra se fazer uma grande reportagem na revista do Globo.
E Getúlio fez questão de se fotografar montando seu “pingo”, o cavalo “Luar”.
É óbvio que Luiz Inácio Lula da Silva não sabe nada desta história.
Não sabe, mas repete, quase que igualzinho, para desespero da porção “uspista” do PT, aquela que torcia o nariz de nojo quando se falava em Getúlio Vargas.
Ou será que alguém acha que é outra coisa o vídeo que Lula divulgou como “Uma mensagem do ex-presidente Lula para você”, onde aparece se exercitando, mostrando que está pronto para montar seu “Luar”?
O grande barato da história é como ela move os homens, independente até de seus planos, mas quase nunca em sentido contrário às necessidades coletivas.
Podem me achar maluco, mas eu tive uma bela escola de “memória inconsciente”.
As coisas vão acontecendo assim, diferentes no tempo e na forma, quase iguais no conteúdo.
Um dia alguém vai racionalizar isso. Muito mais importante, porém, é que aconteça.