Em entrevista a rádios de Goiás, nesta quinta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a animosidade com o agronegócio, afirmou que “nunca antes na história do país a agricultura foi tão bem tratada” como nas administrações petistas e destacou que a ampla adesão do setor ao bolsonarismo se deve meramente a questões ideológicas.
Questionado sobre as ações de seu terceiro mandato para “conquistar” o agronegócio e “reverter o quadro desfavorável” com esta parcela do eleitorado, Lula disse não trabalhar “tentando agradar um setor ou outro”, mas sim para “criar condições melhores para o trabalho de 215 milhões de brasileiros, dentre eles, o agronegócio”.
Se você conhecer alguém do agronegócio, alguém que é muito reacionário, alguém que é contra o Lula, alguém que é contra o PT, pergunte pra ele colocar na mesa números, se houve algum momento na história dele que o agronegócio recebeu tantos recursos como no governo do PT”, provocou o presidente. “Pergunte pra eles quanto é que eles pagavam por uma máquina dessas colheitadeiras, toda automatizada, no governo do PT. Eles pagavam 2% de juro ao ano. Hoje eles pagam 14% ou 18% de juro ao ano”, comparou o petista, apontando que a animosidade é injusta e não se dá por fatores concretos.
“Eu tenho noção que o problema deles conosco é ideológico, não é um problema de dinheiro a mais ou no Plano Safra”, pontuou Lula, afirmando que seu governo fará “um bom” Plano Safra porque quer que a agricultura brasileira avance. “Eu não quero saber se o produtor rural gosta de mim ou não, não é isso que está em jogo. O que está em jogo é a gente recuperar a capacidade produtiva desse país”, acrescentou, destacando, no entanto, a necessidade imperativa de ampliar a produtividade “sem desmatamento e sem queimada na Amazônia”.
É preciso ficar claro isso, porque nós não precisamos derrubar uma árvore pra criar uma cabeça de gado ou pra plantar um hectare de soja. Nós temos mais de 30 milhões de hectares de terras degradadas que podem ser recuperadas e q a gente pode dobrar a nossa produção agrícola. É preciso que a gente tenha consciência da racionalidade que tem que prevalecer na nossa política internacional”, salientou o presidente, lembrando que a degradação ambiental é usada inclusive para a imposição de barreiras econômicas contra o Brasil.
“Não sei se você percebeu, mas ontem o Senado francês, o parlamento francês disse que não vai votar o acordo Mercosul – União Europeia por causa da quantidade de veneno utilizado nos produtos agrícolas brasileiros. É importante a gente levar em conta, ser racional. Cuidar da agricultura de boa qualidade é uma necessidade competitiva do Brasil para a China e para a França, para os Estados Unidos e para a Alemanha”, argumentou o mandatário, que disse querer lidar com o agronegócio do mesmo modo que com o pequeno produtor rural, “com o respeito que a agricultura merece”.
“É assim que a gente vai tratar e o recado que eu dou a eles é que eu não estou preocupado com o que fulano ou cicrano pensa de mim. Eu estou preocupado que se as pessoas forem honestas consigo mesmas, as pessoas têm que dizer em alto e bom som: nunca antes na história do país a agricultura foi tão bem tratada como foi no governo Lula”, concluiu.