Por Shayana Busson e Mary Castro
Sim. “Salvar o SUS”, me comenta uma amiga em seu apelo por votar em Lula e afirma: “ ele é o cara”.
Eu penso: “É, no momento ele é muito mais que “o cara”.
Lula é mais que um candidato carismático. Cada vez mais velha fico, mais me assusta o culto à personalidade. Porém, viva a dialética e a adesão espontânea aos líderes de bom coração.
Não percebo a eleição em LULA COMO TAL. É o momento de encruzilhada, entre civilização ou barbárie.
Também não me aproximo do conceito de civilização pelo comum apelo ao progresso, à modernidade e ao eurocêntrico ou estadosunismo. Decolonizo, desculpe o modismo, civilização hoje ou amanhã como um momento em que outras buscas voltarão a serem possíveis.
Na barbárie não há possibilidade de buscas nem de utopias ou por outras formas de vir a ser.
Na barbárie somos reduzidas à defesa, à sobreviver ao patriarcado, ao racismo, ao capitalismo cru em sua forma neofacista.
A barbárie desses tempos nos indicou como somos apequenadas à medíocre posição de sobrevivente.
Ficamos na retranca, na defensiva, felizes com gols de birro.
Quero voltar a ser vivente, ter condições de ir mais além. De todas as expressões desta eleição, a que mais me calou fundo é a que reflete “ *votando em Lula não busco o paraíso, mas sair do inferno”.*
Acrescento: votar em Lula é voltar a ter oportunidade de ser sujeito em busca de outros devires; e ter até talvez a possibilidade de discordar do Lulismo, do desenvolvimentismo, melhor modelar bons viveres.
Na civilização decolonizada, se tem a oportunidade de sonhar e brigar por um devir; na barbárie, no Bolsonarismo, se é reduzido a um objeto cuja sobrevivência esgota o ser.
A história nos demanda responsabilidade, que será cobrada por futuras gerações, não votar em Lula agora é brecar nossos filhos e netos, nossas vidas por vir.
Pensemos, votar 13 é dizer não a barbárie.
Mary Garcia Castro é doutora em Sociologia Shayana Busson é doutoranda em História, às
vésperas do dia L, 30 de outubro de 2022.