Lideranças indígenas denunciaram o governo de Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU) por descaso no combate ao novo coronavírus. Representantes dos Yanomami participaram da sessão anual do Conselho de Direitos Humanos da entidade, na última sexta-feira (25).
De acordo com informações da TV Globo, os líderes yanomamis afirmaram que o governo federal tem falhado no envio de insumos e profissionais de saúde para a terra indígena, onde só é possível chegar de avião.
“O governo expressa discursos que incentivam a exploração ilegal do ouro em terras indígenas da Amazônia e que intensificam as ameaças contra nós”, disse um líder à reportagem.
O Ministério da Saúde afirmou que já apresentou a gestores e colaboradores da saúde indígenas vários documentos com orientações técnicas sobre a Covid-19, bem como enviou equipamentos de proteção individual, instalou 200 unidades de atenção primária em aldeias. Além disso, a pasta afirmou que mantém contato com estados e municípios para garantir leitos exclusivos para índios nos hospitais.
Já a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmou que já foram investidos mais de R$ 3 milhões em 184 ações contra o garimpo e extrativismo ilegais desde o início da pandemia. Atualmente, existem 311 barreiras sanitárias em terras indígenas.
Dados citados pela TV Globo indicam que, dos 27 mil índios na Terra Yanomami, 709 foram diagnosticados com o novo coronavírus. Desse total, 162 tiveram que ser transferidos para a Casa de Saúde Indígena, em Boa Vista (RR). Sete yanomamis já morreram por causa da Covid-19.
Estudo feito pelo Instituto Socioambiental e pela Universidade Federal de Minas Gerais apontam também que a Terra Yanomami é a mais vulnerável ao coronavírus, entre as regiões indígenas da Amazônia. Isso, principalmente, por causa do garimpo ilegal na região.