O ex-líder de uma Loja Maçônica da Bahia, Jair Tércio Cunha Costa, de 63 anos, está sendo investigado pelo Ministério Público da Bahia por abusos sexual e psicológico contra, pelo menos, 14 mulheres. A denúncia foi feita por supostas vítimas ao programa da TV Globo, Fantástico.
A primeira mulher a relatar o caso foi a pedagoga e doutora em educação Tatiana Badaró. Ela revelou durante entrevista à revista eletrônica semanal que conheceu Jair em 2002, depois de engravidar durante a adolescência. “Eu não pude escolher minha profissão, fui determinada a fazer pedagogia e obrigada a trabalhar na escola que ele fundou”, disse a mulher, que foi indicada para a doutrina por um namorado.
“Me afastei de minha mãe por ordem dele, tive que mudar o número do meu celular e apagar meu e-mail para que ninguém da minha vida tivesse contato comigo. Todo tempo era uma ameaça de retaliação espiritual. Ele nunca diz que ele vai fazer, ele diz que a espiritualidade vai te cobrar, porque você teve a oportunidade de viver perto de um iluminado e não aceitou”, lembrou Tatiana.
Badaró conseguiu se afastar da seita no ano de 2014. Ainda durante a entrevista, ela relatou os abusos sexuais praticados por Jair Tércio. “Uma vez ele me chamou na casa dele para organizar uma palestra. Disse que precisava equilibrar minha energia. Na semana seguinte passou a mão em mim e, na seguinte, penetrou, dizendo que iria colocar a energia dele em mim”.
O caso só foi denunciado recentemente, durante a pandemia do coronavírus, por meio de um grupo de mulheres formado por advogadas, psicólogas e assistentes sociais. “A maior dificuldade nesses casos é a prova. Se conseguirmos reunir elementos, há provas de que esses casos ocorreram”, destacou a promotora do Ministério Público de São Paulo, Gabriella Manssur, que ouviu parte das supostas vítimas de Jair.
OUTRO LADO
O advogado do suspeito, Fabiano Pimentel, afirmou que o cliente nega as acusações. “Ele afirma que é solteiro e teve alguns relacionamentos amorosos, mas que não houve violência psicológica ou física. Não estou dizendo que as 14 estão mentindo. Digo que estes relacionamentos foram feitos de forma consensual”, descreveu também durante entrevista ao Fantástico.
A Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais, que teve como um dos idealizadores Jair Tércio, disse por meio de nota que ele não exerce nenhuma atividade na instituição e que “não é, e nunca foi, uma Organização religiosa”.
A Grande Loja Maçônica da Bahia (GLEB) também se manifestou, dizendo que suspendeu os “direitos maçônicos do Irmão Jair Tércio Cunha Costa, Past Grão-Mestre da GLEB, filiado a ARLS Templo de Isis Nº 42, Oriente de Salvador, pelo prazo de 180 dias”, podendo ser prorrogado.