Ativistas pela causa animal de Lauro de Freitas participam de manifestação nacional contra a vaquejada neste domingo(27/11)
Manifestações contra vaquejadas ocorrem em 38 cidades. Entidades de proteção animal se organizam em 19 Estados para protestar contra PLs que querem legitimar a prática
No dia 27 de novembro, próximo domingo, protestos contra projetos de lei que têm o intuito de tornar vaquejadas ‘patrimônio cultural’ acontecerão nas ruas de 38 cidades brasileiras, de 19 Estados. Na Bahia as manifestações em Salvador, no Farol da Barra, às 10h30, Vitória da Conquista, na Avenida Luis Eduardo Magalhães, em frente ao supermercado Santo Antônio, Candeias e Porto Seguro, no Arraial D’ajuda.
A Rede de Mobilização pela Causa Animal de Lauro de Freitas(REMCA), e diversas entidades da região metropolitana de Salvador, além da capital, e ativistas e simpatizantes da causa e proteção animal confirmaram participação no evento.
A polêmica se intensificou depois que o Senado aprovou o projeto de lei (PCL 24/2016) que torna vaquejadas e rodeios ‘manifestação cultural nacional e patrimônio cultural imaterial’. O texto também já foi aprovado pela Câmara e segue agora para sanção do presidente da República, Michel Temer.
Além do PCL 24/2016, quatro outros projetos de lei tramitando no Congresso Nacional (PL 213/2015, PL 2452/2011, PLS 377/2016 e PLS 2452/2011) e duas propostas de emenda à Constituição (PEC 50/2016 e PEC 270/16) têm o intuito de regulamentar rodeios e vaquejadas.
“Esses projetos propõem que a crueldade dos rodeios e vaquejadas sejam definidos como patrimônio cultural brasileiro. Além de inaceitável, isso pode inclusive abrir precedente para que rinhas, farras do boi e outras práticas abomináveis sejam novamente autorizadas e constitucionalmente protegidas”, disse Dra. Vania Nunes, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (Fórum Animal).
As manifestações do dia 27 estão sendo organizadas dentro do ‘Movimento Crueldade Nunca Mais’ e apoiadas pelo Fórum Animal, maior rede da causa no Brasil, que congrega cerca de 130 entidades afiliadas em todo o País.
No mês passado o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou uma lei do Ceará que regulamentava a vaquejada, considerando que a atividade impõe sofrimento aos animais e, portanto, fere princípios constitucionais que proíbem práticas torturantes.
“Esperamos que o presidente Michel Temer respeite a decisão do STF e vete o PCL 24/2016, que quer legitimar vaquejadas e perpetuar a crueldade animal no Brasil. E que ele respeite também a vontade popular, já que uma enquete feita pelo Senado revela que 74% da população é contra classificar rodeios e vaquejadas como patrimônio cultural”, disse Vania.
Instituições científicas de peso também se opõem às vaquejadas
Outras entidades de peso também emitiram pareceres contrários às vaquejadas. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) publicou um parecer com sua oposição, classificando-a como prática que resulta em sofrimento e lesão aos animais. A Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal (ABMVL) também publicou nota contrária às vaquejadas.
Auditores Fiscais Agropecuários da Comissão de Bem-Estar Animal do Ministério da Agricultura assinaram documento afirmando: “Em provas onde os animais são derrubados, arrastados, sofrem trancos bruscos, atropelos, a ocorrência de lesão e danos permanentes são agravados. Não há forma de protegê-los com a adoção de boas práticas, simplesmente porque estes são procedimentos contrários às boas práticas.”
Inúmeros laudos técnicos comprovam detalhadamente lesões e sofrimento animal, como o assinado pela Profa. da USP Dra. Irvênia Prada: “Não há vaquejada sem sofrimento, especialmente porque a cauda, que recebe a tração, é uma continuação da coluna vertebral dos bois. Os animais podem ter diferentes lesões como luxação, fratura de vértebras e hemorragia interna.”
Furlan: Ganhos econômicos não justificam o abuso
Segundo o juiz do Tribunal Regional Federal Anderson Furlan, argumento econômico não é justificativa para manter a prática. “Não podemos duvidar que quando as rinhas de galo foram proibidas, milhares de pessoas ficaram sem emprego (…). Se fôssemos levar (em consideração) apenas a questão do emprego, deveríamos legalizar outra atividades que geram emprego, o tráfico de drogas, por exemplo”, disse.
É fato que o que atrai uma grande parte do público e gera muitos empregos são os shows que acontecem após a barbárie animal. Sendo assim, defendemos que as festas continuem, assim como todo o comércio em torno delas, sem que haja, entretanto, o cruel uso dos animais.
Fórum Nacional de Proteção Animal
Contatos para imprensa
Dra. Vania Nunes – Diretora técnica e médica veterinária do Fórum Animal: 11 99906 7258
Elizabeth MacGregor – Diretora de Educação do Fórum Animal: 21 99986 4856