Inacreditável que o evento do Novembro Negro de Lauro de Freitas tenha se tornado um fiasco de público.
Pra ser bem otimista deu 10 pessoas. Pra ser mais otimista ainda, deu 20 pessoas contando com as atrações artísticas. E pra ser realista, no meio do percurso só tinha mesmo os que estavam em cima do trio.
Me lembro que outrora, em 2019, bombava, teve Margaret Menezes e mesclou com diversas bandas locais; o povo loteou as ruas, misturando euforia com revolta, desabafos e empoderamento negro.
Já hoje, foi um mega trio elétrico caminhando da Terraplac da Itinga até o Caranguejo, com 7 atrações:
“Fúria Consciente”,
“Comando Negro”,
“Reynam Poeta”,
“N.B.C Crew”,
“Upside Down Gang”,
“Banda Forró S/A”, e
“Afro Bankoma”,
MAS, não deu um pingo de gente, NIGUeeeeeeeeeeeeeeeeeeeÉM. A última Parada Gay aqui da Itinga foi a mesma coisa, mas, mobilizou um pinguinho a mais de gente.
Fica, portanto, a certeza de que não basta ao Poder Público conceder trio e contratar artista, mesmo que locais, é preciso mobilizar pessoas, articular estratégias de comunicação e mobilização, convidar artistas famosos também, sentar pra se reunir com TODOS os segmentos populares, todos.
Quem ganhou a eleição foi a esquerda, é hora de patrocinar de verdade os que encheram a esquerda de votos, é hora de retribuir com a força da lei e do merecimento que cada segmento social tem, e que todos unidos merecem.
Cadê o povo do axé? Cadê o povo que tava nas caminhadas atrás dos políticos? Cadê os artistas de rua? Alguém foi chamado pra construção? Cadê os movimentos sociais solidários uns aos outros?
Ouvi dizer que tinha uma agenda para acontecer durante todo o mês de novembro sobre a consciência negra na cidade, nada aconteceu, uma desarticulação completa; o que seria a culminância dessa agenda negra, era a caminhada “Cor da Cidade”, que ocorreu hoje, e deu menos gente do que as churrascadas de gato aqui em casa.
Não vamos mais aceitar políticas públicas parciais, fragmentadas, de “oba oba”; o extermínio da população negra é algo sério, a fome, a falta de oportunidade, a invisibilidade, a precarização de vidas. Chega de migalhas.
Shayana Busson é moradora da Itinga.
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