Lauro de Freitas ganhou hoje, finalmente, o seu zoneamento postal. Foram dez anos de luta para atingir esse objetivo, desde antes de Antônio Rosalvo ter sido eleito Vereador pela primeira vez. O CEP de cada rua da cidade pode ser consultado a partir de hoje no site dos Correios .
Os números vão de 42700-001 a 42749-999, substituindo o CEP geral 42700-000, usado anteriormente para todos os logradouros. Há também sete caixas postais comunitárias e seis “grandes usuários”, cinco condomínios residenciais, comerciais e industriais e um loteamento que receberam um CEP exclusivo para eles.
Tudo começou em 2007, por causa da dificuldade de receber correspondência em localidades como o Jambeiro, comunidade que Rosalvo passou a representar na Câmara Municipal dois anos depois. “As pessoas eram obrigadas a se deslocar até um posto comunitário porque o Correio não sabia onde entregar a correspondência”, conta.
O Código de Endereçamento Postal (CEP) existe para organizar a distribuição dos Correios. Sem o CEP, os carteiros ficam perdidos: há ruas sem nome ou com nome igual a outras, endereços errados, numerações aleatórias.
O CEP existe no Brasil desde 1971, mas só chegou a Lauro de Freitas 46 anos depois por causa da falta de organização da administração municipal. Antes de atribuir um CEP a cada rua, o Correio precisa saber quantas ruas existem, cada uma tem que ter um nome oficial e as ruas precisam estar definidas em bairros.
Todas essas etapas tiveram que ser vencidas. “A equipe que trabalhou nesse projeto, liderada por Ailton Borges, que também é da comunidade do Jambeiro, está de parabéns pela persistência e pela incansável busca de uma solução para um problema de décadas”, disse Rosalvo. A Prefeita Moema Gramacho “deu início a esse processo e está presente novamente na sua conclusão”, tendo sempre se empenhado também, lembra o Vereador.
“Entra gestão, sai gestão, a equipe continuou trabalhando na organização da cidade e atingimos agora o resultado”, disse Rosalvo, que acompanhou tudo de perto, facilitando contatos e cuidando da fluência do trabalho. A primeira tarefa foi fazer uma listagem dos logradouros, das ruas da cidade, com base nas informações disponíveis. “Isso começou em 2008”, conta o Vereador.
A primeira lista foi produzida e entregue ao Correio em 2009, mas ela era incompleta, cheia de falhas nas informações. Era o “cadastro imobiliário da cidade”, que a Prefeitura usava para cobrar o IPTU. Depois a Secretaria da Fazenda ainda descobriu que faltava cadastrar mais de 28 mil imóveis. “Nada andou em 2010 porque faltavam dados”, recorda Rosalvo.
Naquela época a própria Fazenda tinha problemas para entregar carnês de IPTU. Entre 70% e 80% das correspondências eram devolvidas pelo Correio por problemas de endereço. “Isso ajudou a motivar a Prefeitura para resolver o problema”, admite o Vereador. Em 2011 a Prefeitura resolveu fazer o cadastro correto de todos os imóveis até o fim do ano seguinte.
Havia também a intenção de metrificar as ruas, ou seja, atribuir uma numeração às casas de acordo com a distância em relação ao início da rua, por geoprocessamento, via satélite. Mas o processo todo estava previsto para se estender até 2014.
Rosalvo achou demorado demais e o zoneamento postal não dependia de tudo disso. “O que é necessário é definir a quantidade de logradouros e de bairros, com seus limites”, disse o Vereador na época, depois de mais uma reunião com o então Diretor Regional dos Correios Cláudio Garcia.
O passo seguinte foi dar nome a centenas de ruas de Lauro de Freitas que até então só eram conhecidas por letras (Rua A, Rua B etc) e que existiam repetidamente em várias localidades de Lauro de Freitas. Outras tinham nome certo, mas também repetido, o que provocaria confusão no momento de atribuir os CEP e precisavam ser melhor definidas.
Ao mesmo tempo, a equipe que trabalhava no projeto fazia o mapeamento das ruas e a definição dos bairros oficiais de Lauro de Freitas: Aracuí, Pitangueiras, Buraquinho, Ipitanga, Vilas do Atlântico, Vila Praiana, Centro, Recreio Ipitanga, Itinga, Portão, Caixa D’Água, Caji, Vida Nova, Quingoma, Parque São Paulo, Capelão, Jambeiro, Areia Branca e Barro Duro. Esse trabalho ficou pronto em 2014.
Já em 2015, num esforço concentrado, 350 ruas ganharam nome novo, incluindo algumas que estavam em desacordo com a lei, homenageando pessoas vivas. Nos casos em que foi necessário criar um novo totalmente novo, as ruas ganharam nomes da nossa fauna e flora.
A Câmara Municipal aprovou a lei com as mudanças de nome no início de 2016. Tudo pronto, a base de dados foi entregue em janeiro daquele ano aos Correios, numa cerimônia pública no Cine Teatro de Lauro de Freitas.
Levaria ainda mais quase um ano para eles atribuírem os números de CEP às ruas de Lauro de Freitas. “Mas essa hora chegou”, comemora Rosalvo. “Certamente haverá ajustes a fazer, detalhes a rever, mas o importante é que chegamos lá”, completou.