Advogado delator da Operação Faroeste, Júlio César Cavalcanti será preso na Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal após ter sido ameaçado de morte.
A partir da colaboração premiada do advogado (veja aqui), a Polícia Federal realizou uma operação controlada na 5ª fase da Faroeste, que culminou com a prisão da desembargadora Sandra Inês Rusciolelli, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), e do filho dela, Vasco Rusciolelli. Eles foram denunciados por venda de sentenças na disputa de terras no oeste baiano.
A ameaça, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi feita pelo juiz Sérgio Humberto Sampaio, também investigado na operação.
No pedido de manutenção da prisão preventiva de seis investigados, entre eles o magistrado, a subprocuradora da República, Lindôra Araújo, diz que é necessário manter a prisão do juiz, pois Júlio César, na delação premiada homologada, “foi enfático ao afirmar que estaria com sua cabeça a prêmio no Tribunal de Justiça da Bahia e que Sérgio Humberto estaria propagando que iria lhe matar quando fosse libertado”. “Assim sendo, conclui-se, por essencial, que, solto, Sérgio Humberto ficará desimpedido para retornar ao local dos fatos diretamente ou indiretamente, impondo temor a comunidade local”, diz a subprocuradora, lembrando que dois homicídios já foram confirmados no curso da Operação Faroeste.
Júlio César foi condenado a 16 anos de prisão. Por ter firmado a delação premiada, ele terá direito de progressão da pena, cumprindo apenas seis meses em regime fechado .
Informações de bastidores obtidas pelo Bahia Notícias reforçam que o cumprimento da pena na sede da PF em Brasília é necessário pois, se preso em outra unidade prisional, ele poderia ser morto.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o colaborador Júlio César apresentou significativa quantidade de provas que podem ajudar a elucidar os crimes. No acordo, ele pagou R$ 2,2 milhões, além de entregar os veículos Cerato, Corolla, Harley Davidson e BMW 535i, em troca de redução da pena. Os valores serão destinados ao combate da Covid-19.
O delator teria negociado 30 decisões judiciais em 1º e 2º graus, bem como feito o retardo de decisões em benefício de terceiros e designação de magistrados para atender seus anseios, em processos envolvendo litígios rurais na região do oeste da Bahia e outras localidades.
Ele disse que chegou a receber uma oferta de Adailton Maturino de R$ 10 milhões para o juiz Sérgio Humberto cumprir o acertado entre os desembargadores para garantir a posse das terras. Segundo a delação do advogado, apesar da Bom Jesus Agropecuária já ter tido seu direito as terras reconhecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), decidiu se associar ao advogado, agora delator, para se opor ao grupo de Adailton Maturino, que pretendia transformar o borracheiro José Valter Dias “em um dos maiores latifundiários do Brasil”.