Na última segunda-feira (13) o editor de imagens José Augusto Nascimento Silva, conhecido como Nana, do SBT do Rio de Janeiro, morreu em decorrência do novo coronavírus. No final de março, três semanas antes ele teria enviado áudios pelo WhatsApp acusando a emissora de negligência por manter trabalhando profissionais suspeitos da Covid-19. Uma dessas pessoas, cita Silva, era a apresentadora Isabele Benito, com quem teria se contagiado.
No áudio, ele ficou revoltado com a postura da empresa, a qual classificou como o “epicentro do coronavírus na cidade do Rio de Janeiro”. De acordo com informações do Notícias da TV, os funcionários alegaram que a emissora não deu a devida atenção a quem apresentou sintomas logo de início e reportou à chefia, que os obrigou a trabalhar normalmente na sede enquanto não recebessem o diagnóstico com a confirmação da doença.
“Nenhum lugar no Rio de Janeiro tem mais casos suspeitos que no SBT. (…) Eu agora estou sob suspeita, inclusive com atestado de 14 dias que o doutor deu porque me calcei, sabe que não sou burro. Se tiver que processar essa turma eu vou processar. Acho de uma irresponsabilidade tremenda”, criticou.
Ainda de acordo com o portal, Naná também questionou a postura do SBT com a apresentadora Isabele Benito, que havia informado seus superiores de que seu marido estava com suspeita da doença, mas mesmo teria sido obrigada a trabalhar por uma semana. Um tempo depois, em 26 de março, o marido da jornalista foi submetido a um novo exame após ser internado na UTI que indicou positivo para a covid-19. Só então ela teria sido afastada. Em 28 de março, ela se submeteu ao teste e somente três dias depois recebeu a confirmação de que também estava infectada.
Após o resultado, dos 75 funcionários do jornalismo, 35 foram afastados com suspeita de Covid-19, incluindo Naná. No áudio enviado pelo editor de imagens antes de sua morte, ele se mostrou incrédulo com o fato de Isabele ter sido obrigada a ir para a emissora entre os dias 20 e 26 de março. “Estou revoltado, não só por mim, mas também pelos meus colegas. E ela continua apresentando o jornal. Dane-se os merchans, dane-se os comerciais, dane-se tudo. Ela tá com corona, pode ser assintomática, mas vai matar uma porção de gente”, disse.
Naná foi internado no final de março, poucos dias depois de conseguir um atestado médico, e passou cerca de duas semanas no hospital. Na sexta-feira (10), ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi para a UTI, de onde não saiu mais. Sua morte, aos 57 anos, foi confirmada na segunda-feira (13). Em resposta, o SBT disse que está apurando internamente o caso e emitiu uma nota de pesar sobre a morte de Naná, que trabalhou durante 30 anos na emissora. O SBT afirmou cumprir todas as medidas de prevenção de contágio do novo coronavírus recomendadas pelo Ministério da Saúde.
“A direção do SBT manifesta seu profundo pesar pelo falecimento de seu colaborador, uma perda lastimável para todos, e presta toda a assistência à família, desejando que tenham força para superar este momento tão difícil. O SBT reitera que adotou as adequadas medidas para prevenção do contágio e enfrentamento dessa doença, atendendo as determinações dos órgãos de saúde e autoridades sanitárias, e desconhece a origem e circunstâncias dos áudios mencionados, e pede que todos tenham respeito e consideração pelas pessoas citadas”, solicitou.