O prefeito de Salvador ficou abespinhado com o editorial publicado na edição de ontem, sob o título “A virada de Salvador”. ACM Neto revoltou-se contra a opinião do jornal, de que o foco das suas ações está inspirado na rivalidade com o governador Rui Costa, e que o festival estava se constituindo em um grande palanque político envolvendo o dispêndio de verbas públicas que, segundo informam, alcançam a bagatela de 14 milhões, parte da qual captada junto à iniciativa privada.
Como se algo inverídico estivesse, em sua essência, sendo afirmado. A crítica expressa no Editorial publicado relembra, ainda, que as dificuldades dos soteropolitanos superam os cincos extensos dias de folia que precedem o festejo do Ano Novo, e que esta cidade, como ressalta o Editorial, precisaria celebrar a chegada de 2018 com uma real esperança de que o brilho dos fogos vai se manter além do final da festa, lembrando a necessidade de políticas públicas voltadas para a permanente geração de emprego e renda.
Sem essa perspectiva, de manter o cidadão apto a se sustentar com a criação de empregos, e a possibilidade de melhorar de vida, a festa ressoa como circo para alegria de uma conhecida e privilegiada turma que opera com eventos. Sempre a mesma, por sinal.
E afirmar que hotéis estão cheios por causa do tal festival chega a ser cômico. Caso ele não saiba, nesta época os hotéis estão sempre cheios. O chefe do Executivo enaltece, ainda, ações no sentido de implantar no local da festa uma arena de espetáculos e o Centro de Convenções, como se passados mais de 4 anos de gestão não lhe fosse imperioso atribuir àquela área pública tão nobre uma função social.
Por que só agora, depois de 4 anos de governo e às vésperas das eleições, o prefeito resolve fazer o Centro de Convenções? O egocentrismo revelado pelo gestor, ávido por elogios e reconhecimento, não o deixa ver que a independência crítica da imprensa é fator de desenvolvimento econômico e fortalecimento da democracia, que há de ser incondicionalmente preservada.
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