Foto: Montagem / Bahia Notícias
Na mitologia romana, Janus era o deus responsável por guardar portas e passagens e aparecia representado por uma efígie de duas faces opostas, uma de olho no passado e a outra mirando o futuro. Tanto que o início dos anos traz uma homenagem a ele, janeiro. Para a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o primeiro mês do ano tornou-se uma passagem para a articulação política estadual. De um lado, Marcelo Nilo (PSL), um presidente reeleito em quatro oportunidades e que tentava a sexta eleição consecutiva. Do outro, Ângelo Coronel (PSD), um parlamentar até então pouco presente na mídia, considerado por muitos companheiros ausente do dia-a-dia do legislativo baiano. Nesta quarta-feira (1º), todas as negociações iniciadas ainda em dezembro chegam ao fim com a votação secreta do novo presidente da AL-BA, que terá Coronel como candidato único. Independente do resultado definitivo do pleito, a discussão sobre o futuro da Casa chegou a um patamar inédito há pelo menos 10 anos – desde a ascensão de Nilo à presidência, nenhuma eleição foi tão acirrada. Derrotado, Nilo deixou de ser um poderoso articulador do governo Rui Costa (PT), que, por vezes, foi considerado o próprio líder do governo. Passou a ser um mero deputado, conhecedor das diversas facetas do Legislativo e das relações com Executivo e Judiciário. E capaz de imprimir derrotas delicadas ao governo, caso se considere desprestigiado no pleito – extraoficialmente, pertencia a ele a simpatia de Rui. Caso fosse vitorioso, Nilo se consolidaria como uma força política capaz de derrotar, inclusive, dois caciques políticos baianos, o senador Otto Alencar (PSD) e o vice-governador João Leão (PP). E seria capaz de impor respeito na formação da chapa de reeleição de Rui em 2018. A primeira opção acabou sendo a mais tangível. Como sugere Janus, é a hora de abrir uma nova porta. Agora com Coronel como timoneiro do legislativo baiano.