A armadilha da elite que apostou no golpe, no ódio e na divisão do país para atingir seus interesses mesquinhos, causam retrocessos incalculáveis aos brasileiros. Sangraram a democracia, impuseram o “teto dos gastos” que retirou recursos de programas sociais, saúde, educação e áreas fundamentais; destruíram a previdência e reduziram os direitos trabalhistas a pó.
Tudo em nome do mercado – leia-se, meia dúzia de famílias e piratas estrangeiros – que está drenando a riqueza produzida pelo povo, enquanto a nação padece de emprego a pão. Em menos de meia década, saímos do patamar de país do futuro ao velho Brasil das oligarquias parasitas que batem continências aos EUA.
O Brasil é um vulcão em erupção que começa a espalhar suas lavas em todo tecido social. Pra completar o desatino, atravessamos a maior pandemia do século e estamos sendo governados por genocidas. Esse país tropical sempre se gabou de não sofrer de fenômenos naturais que causam abalos estruturais em seu território e população. O que esquecem de dizer é que no campo social e econômico, poucas vezes nos livramos dos vulcões, terremotos e maremotos que nos deixam em frangalhos. Desde o golpe, tais fenômenos orquestrados pelo “Deus onipotente” neoliberal tem nos jogado a lona.
Diante desse cenário onde parecemos cobaias para testar qual o limite de uma sociedade frente o terror neoliberal, o que fazer neste 2021? É preciso e inadiável conter a avalanche de lavas no epicentro do vulcão. A direita radicalizou ao limite e nós não podemos conter essa escalada predatória com notas de repúdio, no parlamento e redes socias, ainda que essas armas sejam imprescindíveis. Portanto, precisamos ser radicais e ir na raiz dos problemas nacionais:
1º – precisamos de imunização irrestrita da população brasileira. Isso nos garantirá salvar milhares de vidas e devolver a nossa capacidade de luta nas ruas. Esse é o ponto central, a burguesia só respeita o povo organizado e combativo. Nossos vizinhos latino-americanos deram a letra. Aliás, o PT nasce da maior greve da história desse país. Sem lutas não se formam lideranças, não se constroem legados, não se ganham confiança e nem se adquirem respeito!
2º – o STF precisa anular a farsa contra o Lula e devolver os direitos políticos do ex-presidente. Se esse ato não se confirmar, sofreremos duas derrotas: a confirmação da falência do Estado democrático de direito, e a política. Amem ou odeiam Lula, quem não aguenta mais o neoliberalismo e vampiragem que se tornou o Brasil deve enxergar Lula como o principal capital político da esquerda e forças progressistas. As últimas décadas provaram que ele é o principal nome aglutinador de forças da política nacional.
3º – não teremos sucesso em convencer milhões de fundamentalistas de que a esquerda não é pró-aborto, mamadeira de etc ou que a vacina salva vidas. Não vamos mudar a cabeça da SS armada de Bolsonaro. O genocida tem um caldo de mais de 30% do eleitorado brasileiro que não vai seguir a racionalidade nesse curto espaço de tempo, trata-se de descontruir ideologia alienante, leva tempo. Bolsonaro ainda conta com a máquina federal e tem grandes chances de levar o Centrão para a sua base, o que ameaça frontalmente a velha direita e o campo progressista.
Partindo desta constatação, a esquerda precisa unificar os campos democráticos, isso vai além de unir partidos. Trata-se de uma ampla aliança social com capacidade de ação frente a barbárie. Outro pronto crucial, tem uma força política imersa no mar morto que são os apolíticos, pessoas que não querem nem ouvir falar de política. Se conseguirmos atrair essa grande parcela da população pelo bem maior do Brasil, conseguiremos um aliado de peso na correlação de forças atual. Parece uma missão impossível, no entanto, é mais viável do que mudar a cabeça de um Bolsonarista ou “neoliberal” da Pituba que se acha inglês.
Temos tarefas homéricas na reconstrução do Brasil. Cabe dizer que essa odisseia não é somente responsabilidade do PT, muito pelo contrário, é luta para pelo menos 106 milhões de brasileiros que precisam conter o vulcão neoliberal que tem varrido o país. Por último, sem um contato umbilical com as bases sociais, entidades representativas dos mais variados setores, principalmente sem um plano de ação que alcance esse universo e prove que um mundo de justiça social é possível no Brasil, sofreremos com o veneno das boas ideias sem adesão da maioria! Não se sai do precipício com dois passos para trás nem pra frente. É preciso pegar impulso e muito! A recompensa vale a luta.
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Se concorda, compartilhe!