Localizado em Salvador, o Hospital Aliança, da Rede D’Or, acaba de realizar o primeiro procedimento de eletroporação irreversível fora do eixo Rio -São Paulo. Inovadora, a técnica é empregada no combate ao câncer, utilizando uma tecnologia chamada Nanoknife para atacar e eliminar tumores na região do fígado e do pâncreas.
“A cirurgia foi feita em paciente de 67 anos, masculino, com câncer no fígado. A doença estava controlada. O tempo médio para o procedimento é de quatro horas e a alta clínica acontece em 24 horas, aproximadamente”, informou o cirurgião vascular e radiologista intervencionista do hospital, Fabrício Mascarenhas.
Além de Mascarenhas e equipe composta pelos médicos Patrick Matzger, Dionísio Gomes, Ricardo Ferraz, Luís Maia, Milton Mello e Murilo Berbert, também participaram do procedimento o intervencionista oncológico Luiz Tenório Siqueira e o oncologista e coordenador médico da Oncologia do Aliança, Rodrigo Guedes.
Minimamente invasiva
A eletroporação irreversível é considerada minimamente invasiva e tem por base o uso de corrente elétrica de alta voltagem, em média de 2 mil a 3 mil volts, que atinge e destrói as células cancerígenas. No procedimento são utilizadas agulhas por onde passa a corrente. Elas são introduzidas até a área da lesão, com ajuda de imagem de tomografia ou ultrassonografia. O acesso dessas agulhas pode ser feito direto pela pele ou através de acesso cirúrgico.
Segundo a equipe médica, a vantagem do procedimento sobre outras técnicas é que ele não gera calor ou qualquer processo químico para o paciente. Estas características permitem que a eletroporação irreversível seja realizada em locais onde há vasos sanguíneos ou áreas próximas de nervos e alças intestinais, sem o risco de danos.
Indicações
“A eletroporação é indicada no combate direto às células do tumor, poupando as estruturas saudáveis vizinhas, aumentando o controle da doença, que impacta diretamente em melhor qualidade de vida e, potencialmente, em maior sobrevida”, explicou o oncologista Rodrigo Guedes. “Definitivamente, um avanço no tratamento de alguns tipos de câncer agressivos, como o de pâncreas, sendo um importante ganho para os pacientes baianos acometidos com estes tipos agressivos de tumor”, acrescentou.
A técnica vem sendo realizada há mais de dez anos nos Estados Unidos, mas ainda é pouco conhecida na América Latina. Até o momento, existe um único equipamento de eletroporação irreversível no país, que fica em outra unidade da Rede D’Or, no hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
“No momento, estamos fazendo grandes investimentos em tecnologia de ponta, algumas que estão sendo implantadas e utilizadas pela primeira vez na Bahia. Esse esforço é parte de uma política institucional de modernização e atração de novas técnicas, insumos e serviços para oferecer o melhor em soluções e opções para os nossos pacientes”, declarou o diretor do Aliança, Raymundo Paraná.