Cerca de 250 famílias ocuparam uma área de mais de cinco mil metros quadrados na localidade do Capelão, município de Lauro de Freitas. O terreno está situado ás margens da Via Metropolitana, estrada alternativa que ligará Salvador ao Litoral Norte, com prazo de conclusão em março deste ano.
A construção da via gerou fortes impactos nas diversas comunidades por onde passa. As denúncias variam desde assoreamento de rios até rachaduras nas paredes das casas. A ocupação desse terreno é mais um ingrediente nesse mar de tensões sociais e pode terminar em tragédia.
Ocupantes do referido terreno denunciam as ameaças que veem sofrendo de pessoas que se intitulam donos da terra. Nossa equipe participou de uma reunião no sábado (11), na área ocupada e conversou com os moradores.
Relatos afirmam que ao menos quatro pessoas estiveram no local apresentando documentos (escrituras) alegando posse das terras. Segundo depoimentos homens com brucutu estiveram no local, durante o dia, e mandaram retirar as crianças, pois a noite, voltariam para queimar tudo. Um policial militar devidamente fardado e numa viatura, também apresentou um documento, e mandou que as pessoas desocupassem a área, pois as terras teriam um dono. Quem também esteve no local com a mesma intenção de intimidar os ocupantes foi um homem que se identificou como Calazans, mas que na verdade, segundo ocupantes se chama Gaúcho.
Tivemos acesso a alguns documentos que reivindicantes do terreno apresentamos e os submetemos a um especialista que suspeitou de que há indícios reais de irregularidades. Segundo ele, ninguém nessa área possui escrituras e que muito provavelmente os documentos sejam falsos. Ainda segundo o especialista, a área ocupada está no perímetro da desapropriação e muitas indenizações já foram pagas em juízo, e assim sendo, as terras podem ser da CONDER.
Contudo, a maior preocupação dos líderes do movimento é com a segurança e integridade física dos ocupantes, eles temem ações violentas. O Coletivo de Entidades Negras CEN, está acompanhando e articulando um diálogo dos ocupantes com as autoridades.
Por: Ricardo Andrade