Grupos armados cometeram assassinatos e outros delitos contra civis para garantir o cumprimento de suas próprias medidas de combate à pandemia do novo coronavírus na Colômbia. A afirmação veio da ONG Human Rights Watch (HRW) em um relatório divulgado na última quarta-feira (15/7).
Segundo a ONG, os grupos colocaram regras para impedir a propagação da Covid-19 em pelo menos 11 dos 32 estados. Entre elas estão: toques de recolher, “lockdowns”, restrições de movimento de pessoas, carros e barcos, limites de dias e horários para abertura de lojas e proibição de acesso de estrangeiros às comunidades.
Em Bolívar, os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) divulgaram um panfleto no início da pandemia, em abril, anunciando que eles eram “forçados a matar pessoas para preservar vidas”, uma vez que a população não “respeitava as ordens para conter a Covid-19”. O comunicado afirmava ainda que apenas funcionários de lojas de alimentos, padarias e farmácias poderiam trabalhar e que os demais deveriam ficar dentro de suas casas.
Em pelo menos cinco desses estados, os grupos recorreram à violência para impor respeito às medidas, e em ao menos quatro houve ameaças. O diretor da HRW para as Américas, José Miguel Vivanco, alertou que “esse brutal controle social reflete as falhas históricas do Estado em estabelecer uma presença significativa em áreas remotas do país”.