A prefeita Moema Gramacho comandou o ato
Mulheres de Lauro de Freitas celebraram o 8 de Março com um ato de protesto contra a reforma da Previdência Social, na tarde desta quarta-feira. Concentradas em frente a agência do INSS do município, as mulheres entoaram palavras de ordem e se manifestaram em defesa das conquistas trabalhistas. O protesto, organizado pelo movimento de mulheres, contou com a participação da ex-ministra do Planejamento Míriam Belchior e da prefeita Moema Gramacho.
A prefeita alertou para a ameaça aos direitos trabalhistas representada pelo projeto de reforma da Previdência. De acordo com a gestora, a ampliação da idade para 65 anos tanto para homens como para mulheres e do tempo de serviço para 25 anos prejudicará principalmente as mulheres. “As trabalhadoras rurais se aposentarão com quantos anos? Muitas reflexões precisam ser feitas acerca deste assunto”, destacou. Moema chamou a atenção de modo especial aos professores, que terão que trabalhar mais 15 anos se a reforma passar.
Militante dos direitos das mulheres, Moema lembrou que durante seu primeiro mandato à frente do executivo em Lauro de Freitas, em 2005, implantou a primeira Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres do país. No mesmo ano a cidade também foi contemplada com a criação do Centro de Referência Lélia Gonzalez, que atende mulheres vítima de violência doméstica. “Ainda há um número alto de mulheres que sofrem violência e estes dados são ampliados quando se trata de mulheres negras”, frisou.
A secretária de Políticas para Mulheres, Bárbara Chaves, disse que o momento é de lutar por avanço. “Não admitimos retrocesso. A reforma da Previdência Social não pode acontecer. Precisamos nos unir diante de qualquer tentativa de regresso”, afirmou.
Para a assistente social aposentada Margarida Freitas o sentimento é de tristeza pelas trabalhadoras que ainda vão se aposentar. “Se a reforma acontecer vai ser uma perda muito grande. Vai ser muito complicado para todos os trabalhadores e principalmente para as mulheres que estão sempre em desvantagem”, afirmou.
Cleide Rezende, presidente do Conselho Municipal de Mulheres, chamou a atenção para a história do 8 de março. “Se estamos aqui hoje celebrando esta data é porque muitas mulheres morreram. Não podemos perder essa luta. Hoje não é dia de festa, é dia de pensar nas políticas públicas para mulheres”, ressaltou.
A presidenta da Câmara de Vereadores Naide Brito e outras vereadoras do município fizeram uma pausa na sessão que acontecia na Casa Legislativa para apoiar o movimento. “Nesse 8 de Março o foco são as perdas que a mulher terá com a reforma da Previdência, mas há outras bandeiras que não podem ser esquecidas. A organização das mulheres para ocupar os espaços de poder é uma delas”, destacou Naide Brito.
Moema reforça: “Ainda somos muito pouco representadas. Na Câmara Federal somos apenas 10%. Na Bahia, de 417 prefeituras somente 56 são geridas por mulheres e ainda houve uma redução da eleição passada para esta”, destacou
Com a experiência política de quem esteve por três mandatos na Assembleia Legislativa, foi deputada federal e prefeita de Lauro de Freitas exercendo seu terceiro mandato, Moema criticou a dificuldade de mulheres ingressarem no universo político ainda dominado pelos homens e afirmou que a lei de cotas não é suficiente para que este quadro seja revertido. “Temos a garantia por lei dos 30% de vagas para o gênero. A cota não é de enfeite, nós queremos condições de participação em todo o processo. As cotas não bastam”, afirmou.