15 de março de 2025
Chicago 12, Melborne City, USA
Economia

Greve dos entregadores.

Os entregadores de aplicativos entrarão em greve neste 1º de julho. Os motivos da paralisação da categoria são praticamente todos os pontos que envolvem a dinâmica desta atividade: aumento do valor por km rodado; aumento do valor mínimo por entrega; fim dos bloqueios por meio dos aplicativos; fim da pontuação e restrição de local pela Rappi, seguro que cubra roubo e acidente, além do auxílio-pandemia.

A quantidade de reivindicações é numerosa porque reflete a precarização da atividade no Brasil. Enquanto empresas como Ifood estão próximas de alcançar valor de mercado perto de 1 bilhão de reais, quem faz este segmento bilionário girar, que são os trabalhadores, vive o auge da exploração da força de trabalho.

Os seus ganhos não condizem nem de perto com o faturamento do Ifood, UberEats, Rappi, James, dentre outras.

O novo processo de “uberização” a que os trabalhares estão submetidos é a expressão máxima da exploração na contemporaneidade. Os entregadores têm jornadas de trabalho extenuantes que chegam até 12h diárias, 6 dias por semana.

São companheiros que doam a vida ao trabalho sem qualquer garantia trabalhista, baixas remunerações, muitos deles entregando comida e passando o dia com fome.

Vejam o depoimento de um dos líderes do movimento, Paulo Lima, o Galo: “Tem entregador que pedala, pedala, pedala o dia inteiro. O cara está tão preocupado em sobreviver que, quando chega 23h, esquece que tem que voltar pra casa. Sabe o que ele faz? Dorme na rua, porque não aguenta pedalar 30 km pra voltar pra casa!”

O movimento dos entregadores de Apps é uma luta de toda sociedade, porque enfrenta os retrocessos a que a classe trabalhadora brasileira tem sido submetida desde o golpe. No pacote da política neoliberal está a exploração feudal de patrões x empregados.

Esta distopia enfrentada pelos entregadores, caso não haja luta, tende a se estender a outras categorias. Este é o resultado quando não existe legislação que defenda os trabalhadores e eles ficam à mercê do mercado.

Os entregadores de Apps têm sido verdadeiros guerreiros na pandemia, são os responsáveis diretos por levar alimentos, remédios e refeições a milhões de brasileiros.

O faturamento das empresas de aplicativo tem batido recorde, mas tratam seres humanos em regimes escravistas. Bastam notar que as reivindicações dos entregadores e perceberem que as exigências são básicas para se trabalhar com o mínimo de dignidade e segurança.

Neste 1º de julho, apoie a causa do entregadores. Não peça comida por aplicativos! Caso as empresas multimilionárias não tratem os companheiros e companheiras com dignidade e acatem as suas reivindicações, tais corporações estarão comprando briga com a classe trabalhadora do Brasil inteiro. Vamos provar que não existe faturamento de bilhão sem a mão de obra do povo e sem consumidor!

Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

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