Os entregadores de aplicativos entrarão em greve neste 1º de julho. Os motivos da paralisação da categoria são praticamente todos os pontos que envolvem a dinâmica desta atividade: aumento do valor por km rodado; aumento do valor mínimo por entrega; fim dos bloqueios por meio dos aplicativos; fim da pontuação e restrição de local pela Rappi, seguro que cubra roubo e acidente, além do auxílio-pandemia.
A quantidade de reivindicações é numerosa porque reflete a precarização da atividade no Brasil. Enquanto empresas como Ifood estão próximas de alcançar valor de mercado perto de 1 bilhão de reais, quem faz este segmento bilionário girar, que são os trabalhadores, vive o auge da exploração da força de trabalho.
Os seus ganhos não condizem nem de perto com o faturamento do Ifood, UberEats, Rappi, James, dentre outras.
O novo processo de “uberização” a que os trabalhares estão submetidos é a expressão máxima da exploração na contemporaneidade. Os entregadores têm jornadas de trabalho extenuantes que chegam até 12h diárias, 6 dias por semana.
São companheiros que doam a vida ao trabalho sem qualquer garantia trabalhista, baixas remunerações, muitos deles entregando comida e passando o dia com fome.
Vejam o depoimento de um dos líderes do movimento, Paulo Lima, o Galo: “Tem entregador que pedala, pedala, pedala o dia inteiro. O cara está tão preocupado em sobreviver que, quando chega 23h, esquece que tem que voltar pra casa. Sabe o que ele faz? Dorme na rua, porque não aguenta pedalar 30 km pra voltar pra casa!”
O movimento dos entregadores de Apps é uma luta de toda sociedade, porque enfrenta os retrocessos a que a classe trabalhadora brasileira tem sido submetida desde o golpe. No pacote da política neoliberal está a exploração feudal de patrões x empregados.
Esta distopia enfrentada pelos entregadores, caso não haja luta, tende a se estender a outras categorias. Este é o resultado quando não existe legislação que defenda os trabalhadores e eles ficam à mercê do mercado.
Os entregadores de Apps têm sido verdadeiros guerreiros na pandemia, são os responsáveis diretos por levar alimentos, remédios e refeições a milhões de brasileiros.
O faturamento das empresas de aplicativo tem batido recorde, mas tratam seres humanos em regimes escravistas. Bastam notar que as reivindicações dos entregadores e perceberem que as exigências são básicas para se trabalhar com o mínimo de dignidade e segurança.
Neste 1º de julho, apoie a causa do entregadores. Não peça comida por aplicativos! Caso as empresas multimilionárias não tratem os companheiros e companheiras com dignidade e acatem as suas reivindicações, tais corporações estarão comprando briga com a classe trabalhadora do Brasil inteiro. Vamos provar que não existe faturamento de bilhão sem a mão de obra do povo e sem consumidor!
Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).