Atualmente, os bichos infectados precisam ser sacrificados
Guardadores de cães da Bahia e das regiões Norte e Nordeste têm muito o que comemorar desde que os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério da Saúde anunciaram a autorização do registro da primeira medicação, o MilteforanTM, aprovada no país para tratamento da leishimaniose, também conhecida como Calazar. Até então, os animais identificados com a doença transmitida pelo mosquito palha ou birigui (Lutzomyia e Phlebotomus) precisavam ser sacrificados, mesmo que não apresentassem sintoma dessa zoono
O produto está previsto para ser lançado oficialmente no início de 2017. De acordo com o gerente de assuntos regulatórios do laboratório responsável pelo produto no Brasil, a Virbac, Valdir Avino, quando o assunto é combater a leishimaniose é preciso entender que as medidas envolverão: o protozoário, o cão, o mosquito transmissor e o homem. “Essa medicação – que já é vendida há mais de dez anos na Europa – é uma ferramenta que deve integrar o conjunto de medidas contra uma das seis doenças infecciosas mais importantes do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)”, diz Alvino.
A leishmaniose é uma doença crônica – que pode atingir a pele ou as vísceras – comum ao cão e ao homem. A transmissão é feita pela picada de mosquitos. A visceral (LV), também conhecida como Calazar e febre negra, é a forma mais severa de leishmaniose. Nesse tipo de manifestação, o parasita migra para os órgãos viscerais como fígado, baço e medula óssea e, se deixado sem tratamento, quase sempre resultará na morte do anfitrião mamífero. Sinais e sintomas incluem febre, perda de peso, anemia e inchaço significativo do fígado e baço. O agente é considerado o segundo maior assassino parasitário no mundo, depois da malária, e responde por cerca de 60 mil mortes a cada ano. No Brasil, as regiões Norte e Nordeste são as mais atingidas pelo vetor que transmite a doença.
No cachorro, os sintomas da leihmaniose são bastante variáveis, sendo comum na forma cutânea o aparecimento de lesões graves na pele acompanhadas de descamações e, eventualmente, úlceras, falta de apetite, perda de peso, lesões oculares (tipo queimaduras), atrofia muscular e, o crescimento exagerado das unhas. Como há situações, onde o animal não apresenta sintomas, o veterinário é o único profissional habilitado a fazer um diagnóstico da doença.
(Foto: Divulgação)
A Leishmaniose Visceral Canina já foi detectada em pelo menos 12 países da América Latina, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil. Entre 2009 e 2013 foram registrados aproximadamente 18 mil casos confirmados em seres humanos e, para cada caso reportado, estima-se que haja 200 cães infectados, segundo pesquisas do Ministério da Saúde juntamente com a Secretaria de Vigilância em Saúde. Como é uma doença que pode ser confundida com outras doenças e requer diagnóstico específico. Este deve ser realizado por uma triagem sorológica, confirmado por uma avaliação clínica correta e por exames específicos, como o PCR-RT e citologia de medula.
Após quatro meses de uso do MilteforanTM, o animal deixa de ser um infectante e não transmite mais a doença. “A cada quatro meses, no entanto, é necessário que seja feita uma reavaliação do estado de saúde e um retratamento”, explica Alvino, ressaltando que o animal terá tratamento, mas ainda não é a cura. A medicação não deve ser usado em cães muito debilitados ou onde haja muito comprometimentos do fígado ou dos rins. “Não recomendamos o uso em fêmeas prenhes”, diz o representante da Virbac. O tratamento ainda não tem um custo específico definido, em virtude da importação das substância, mas os representantes da indústria farmacêutica acreditam que ele não deve passar de R1mil, que apesar de impraticável em larga escala, ainda possui um custo menor das substâncias contrabadeadas para o Brasil.
Fonte: Correio da Bahia