Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Gilmar Mendes soltou José Dirceu em meio a um discurso “garantista” contra abusos da Lava Jato que contraria tudo que ele mesmo fez no julgamento do mensalão contra o Estado de Direito? Reinaldo Azevedo e Fernando Henrique Cardoso defenderam Lula contra as investidas de Sergio Moro? Hein!!??
Se há um ano alguém avisasse que isso ocorreria, ninguém daria a menor bola. Hoje, estamos vibrando com as manifestações libertárias daqueles que foram os maiores algozes não do PT, mas das garantias individuais que a Lava Jato vem solapando sem dó nem piedade.
Estão atribuindo esse milagre a Antonio Palocci. O STF teria começado a soltar presos da Lava Jato após o ex-ministro da Fazenda ter ameaçado fazer uma delação premiada na qual acusaria o sistema financeiro, a cúpula do Judiciário e quem sabe a mídia tucana de manter “relações indevidas” com políticos.
Não que Palocci não deva ter muito a contar… Mas, talvez, seu potencial explosivo esteja sendo superestimado.
Não nos esqueçamos de que tanto Gilmar Mendes quanto Reinaldo Azevedo ou FHC vêm mudando de postura desde muito antes da oitiva de Palocci pelo Juiz Sergio Moro há pouco tempo.
O que já vinha acontecendo há mais tempo é a decadência lenta, gradual e segura de Aécio Neves. Este vem se putrefazendo há mais de ano e, agora, a coisa se agravou. Há pouco, teve que se explicar à PF, foi o mais citado na Lava Jato e, loucura das loucuras, denúncia contra FHC teve que ser divulgada – nada mais, nada menos do que – na… Globo!
Uau!!
É outro fato que um ano atrás nem o mais delirante analista se daria ao luxo de prever.
O efeito Aécio mostra que ninguém está seguro. A situação do presidente do PSDB e segundo colocado na eleição presidencial de 2014 se alia a notícias sobre envolvimento do Judiciário e banqueiros em próximas delações.
Ou alguém acredita que membros do Judiciário nunca trocaram vantagens com políticos ou empreiteiras? Alguém já ouviu falar de venda de sentenças judiciais no Brasil ou nunca se falou nisso e é tudo devaneio meu?
Bom, desculpem-me se inventei tal “loucura” simplesmente “do nada”…
Enfim, o que está acontecendo é medo do efeito Aécio. Mas não só.
É aí que entra a extrema-direita. Estou falando de Bolsonaro e dos malucos que o seguem e que pedem volta da ditadura e o extermínio da classe política.
Essa gente não pretende poupar ninguém. Essa gente acha que a Globo e os tucanos são “comunistas”. Além disso, são ultranacionalistas, protecionistas e censores – para extremista de direita, liberdade de expressão é “coisa de comunista”, a menos que seja para ele mesmo.
Mas onde é que entra a Lava Jato nisso tudo?
Ora, o autoritarismo messiânico da republiqueta de Curitiba tem tudo que ver com os MBL da vida, grupo de extrema-direita que atua como linha auxiliar de Bolsonaro e seu bando de energúmenos nazifascistas.
A Lava Jato é da extrema-direita pentecostal. Ou você não tinha notado ainda?
O tal D’Artagnan, ou melhor, o tal Dallagnol é um radical ultra messiânico de direita. Ou não é?
Chegamos ao fundo do poço e descobrimos que não tinha fundo.
E o abismo se aprofunda mais não porque vai acabar engolindo tucanos, petistas, juízes e barões da mídia eventualmente envolvidos com algum nível de corrupção ou até por corrupção inventada, mas porque essa republiqueta curitibana quer o poder.
Sim, é isso mesmo: quer o po-der!
Moro, Dallagnol, Carlos Lima e toda a fila de jovens barões curitibanos almejam governar e moldar o Brasil à sua própria imagem e semelhança – nada que ver com um ex-presidente da República que aos 80 e tantos anos é namorador e defende legalização da maconha.
A república de Curitiba pretende ser, também, uma teocracia. Além disso, pretende abolir essa coisa de comunista que permite a qualquer cidadão comum criar blogs e criticar “otoridades” judiciárias.
De repente – e isso é o mais irônico –, tucanos, peemedebês, barões da mídia, banqueiros e a cúpula do judiciário percebem que estão no mesmo barco que os petistas. Todos podem vir a ser vítimas dos fanáticos religiosos de extrema-direita da republiqueta de Curitiba. Como Dirceu, Lula e… Aécio!