Existe pelo menos seis teorias que tentam nos trazer o conceito de cultura. Grandes pensadores como Franz Boas, Goodenough, Lí-Strauss e Geertz sintetizam a partir de suas óticas o que viria a ser essa tão complexa manifestação inerente ao ser humano.
O mais popular e universal, talvez, seja o conceito que diz que, Cultura é tudo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.
Se esse conglomerado de coisas que estão anexados à cultura se torna de difícil conceituação para intelectuais, filósofos, estudiosos e pesquisadores, imaginemos como não é para que gestores elaborarem políticas que atendam o conjunto da população.
Lauro de Freitas, a exemplo de outras inúmeras cidades do Brasil, enfrenta o desafio de consolidar uma política cultural efetiva e que contemple a diversidade plural que o município necessita.
Listar as incidências e desafios que carecem da atenção do conjunto dos atores, fazedores e gestores de cultura desse município, careceria de laudas incontáveis. Os desafios perpassam da falta de recursos, à inconsistência da identidade cultural e a aculturação de indivíduos, grupos e movimentos de cultura.
Um debate, contudo, se projeta à frente dos demais, pois determina o desenho que molda ou ao menos, deveria moldar a política cultural da cidade. A gestora deve se perguntar: Como faço para montar a estrutura de gestão da cultura da minha cidade?
Lauro de Freitas já vivenciou a experiencia de uma Secretaria de Educação e Cultura. Já experimentou o modelo de Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer e por último, na atual conjuntura, testa o formato de Secretaria de Cultura e Turismo.
Em ambos os modelos, pouco se conseguiu fazer em prol do fomento da cultura e os motivos já dissemos, não cabe nesse texto. Todavia se faz necessário, a priori, na gestão atual, que se trace uma tênue linha divisória, que delimite a cultura das atividades de lazer.
O entendimento da gestora é louvável. Quando montou o plano de gestão, separou o lazer da cultura, algo muito importante para a atual conjuntura local, onde as lavagens de becos e postes “viralizaram” na cidade. Toda via, na prática não há funcionalidade. A Secretaria de Trabalho, Esporte e Lazer não tem fundo para custear as atividades recreativas, que acabam por consumir um pedaço considerável do orçamento que deveria financiar a política cultural.
Outro importante fato a ser observado e digno de reflexão é o contrato milionário estabelecido com uma produtora que além de atender a SECULT, atende também a mais outras quatro secretarias e o gabinete da prefeita. Isso engessa a gestão cultural, compromete o orçamento e acaba criando um efeito de “vidro embaçado” nas prestações de contas, pois está tudo muito misturado.
Acredito que essa análise e proposta de reflexão possa ajudar num debate que urge e carece da atenção daqueles e daquelas que respiram a cultura na cidade.
Por: Ricardo Andrade
Jornalista e Conselheiro Municipal de Cultura