A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), deu início, nesta segunda-feira (16/11), aos testes do Brace Trial Brasil (BTB), um estudo com o uso da vacina BCG, com o objetivo de reduzir o impacto da Covid-19 em profissionais da saúde. O projeto é liderado mundialmente pelo pesquisador australiano Nigel Curtis, do Murdoch Children’s Research Institute (instituto australiano de pesquisa médica pediátrica).
Além do Brasil, a Austrália, Espanha, Reino Unido e Holanda também fazem parte do estudo, que é voltado para enfermeiros, médicos, técnicos, fisioterapeutas, recepcionistas e porteiros, maiores de 18 anos. Ao todo, serão vacinados 10 mil profissionais da saúde, que ainda não foram infectados pelo novo coronavírus.
Segundo a coordenadora do projeto no Brasil, a pneumologista e pesquisadora da Friocruz, Margareth Dalcolmo, os participantes terão amostras de sangue colhidas para estudos de marcadores imunológicos e serão acompanhados durante um ano.
“Serão vistos e examinados após três meses, aos seis, aos nove e 12 meses. Em todas essas consultas, será colhido sangue para determinação desses marcadores imunológicos, e será avaliado interinamente aos seis meses após a vacinação e ao final como qualquer estudo de Fase III de vacina ao final de 12 meses os resultados definitivos”, explicou a pesquisadora para a Agência Brasil.
A médica também informou que os estudos já parte da fase III, porque a BCG é uma vacina singular muito conhecida, e usada há 50 anos em todos os recém-nascidos. Pesquisas previamente realizadas apontam que o imunizante mostra proteção para outras viroses respiratórias de grupos de população estudados, sobretudo na África.
Essa informação levou a hipótese de que a BCG pudesse ser usada, por ter reação imulogófica tão variada. ““A hipótese formulada é de que diante de uma nova virose do novo coronavírus ela possa ter efeito protetor evitando as formas mais graves de covid-19 ou a própria doença”, disse Margareth.
Mas, a pesquisadora esclarece que, até o momento, nenhum país tem resultados preliminares dos testes. “O estudo começou antes de nós, mas em nenhum deles [países] deu tempo ainda de fazer análise interina, que será feita aos seis meses”, ressaltou ela. O primeiro acompanhamento dos voluntários que tomam a vacina será diário nos próximos 14 dias.