_O fruto típico do Oeste baiano, que é comumente descartado, agora pode ser utilizado para melhorar a alimentação da população_
Poucas pessoas tem um olhar para enxergar um desafio e buscar uma solução inovadora. Este é o caso de Diogo Regis, 17 anos, estudante do Centro Territorial de Educação Profissional da Bacia do Rio Grande (Cetep), localizado em Barreiras, que desenvolveu, em seu trabalho de iniciação científica, uma bebida nutricional à base de um fruto típico de sua região, o jatobá. A bebida poderá ajudar na alimentação de algumas pessoas que possuem anemia, diabetes, e outras doenças, por conta do baixo teor de açúcar e do alto teor de nutrientes como ferro e magnésio.
De acordo com o jovem pesquisador, a ideia surge como uma possível solução para o desperdício que há em relação a este alimento. “Como o jatobá é uma fruta típica aqui de Barreiras, é comum que em algumas épocas do ano uma parte seja descartada”, afirmou. Diogo conta que através de uma matéria-prima abundante, unido ao estímulo para melhorar a qualidade de vida das pessoas, ele pensou em submeter a ideia para a Feira de Ciências e Tecnologia que acontece no Cetep. “Procurei a professora Wilka Miranda, que me ajudou a elaborar o projeto. Após alguns estudos, descobrimos que o jatobá pode atuar na hemoglobina, prevenindo e curando a anemia e na diminuição do açúcar no sangue, prevenindo e controlando a diabetes”, ressaltou.
A bebida é feita da seguinte forma: os frutos são coletados da vegetação do povoado da Baraúna, em Barreiras, e são descascados e ralados para a extração da polpa. Após este processo, outros ingredientes são acrescentados, a fim de deixar o líquido mais cremoso, então, ele é armazenado em um recipiente de garrafa pet que será refrigerado. Quanto ao gosto, o estudante garante que já passou pela aprovação de algumas pessoas. “Quando preparamos as primeiras garrafas, eu mesmo provei e levei para algumas pessoas experimentarem. Muitas não conheciam o fruto jatobá, mas acharam o preparado muito gostoso”.
Segundo ele, a preparação desta bebida láctea nutricional foi a forma mais prática de viabilizar o consumo em larga escala, que, diferente de outros suplementos alimentares, utiliza um produto natural e que provêm da própria região onde é produzido. A iniciativa está em fase de desenvolvimento, através da realização de testes para aperfeiçoamento, mas Diogo já adianta que, quando concluída a fase de testes, os benefícios serão muitos. “Além do apoio na alimentação para a população em geral, a bebida trará benefícios para as comunidades extrativistas que poderão comercializar o fruto, tornando a prática uma fonte de renda”, explicou.
A orientadora do projeto, Wilka Miranda, que é engenheira agrônoma, chama atenção para a importância de apoiar iniciativas científicas desde o ensino médio. “Incentivar a pesquisa entre os jovens é fundamental na formação não apenas de profissionais, mas, de cidadãos conscientes e preocupados em buscar soluções para melhorar a vida das pessoas e do meio ambiente de forma geral”, pontuou. Entre os apoiadores que ajudaram na concepção do projeto estão a Faculdade São Francisco de Barreiras (Fasb) e o próprio Cetep BRG.