Professora Ermínia Maricato, coordenadora nacional da Rede BRCidades; o secretário de Desenvolvimento Urbano, Nelson Pelegrino; e a deputada estadual do PT Maria Del Carmen participaram do encontro virtual
A nomenclatura pode soar como o simples crescimento populacional e habitacional de uma cidade, mas o desenvolvimento urbano de um espaço vai além: envolve ainda transporte, saneamento básico, educação, saúde e a própria moradia. Esses são direitos que, em Salvador, se consolidaram de maneira “precária”, definiu a pré-candidata à prefeitura da capital, Major Denice Santiago, em transmissão ao vivo nas suas redes sociais.
Em live realizada pela petista, na noite desta quarta-feira (2), o assunto foi discutido com a coordenadora nacional da Rede BRCidades, Ermínia Maricato, a deputada estadual Maria Del Carmen, e o secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia e deputado federal licenciado, Nelson Pelegrino, que considera a questão, em Salvador, uma “dívida cinquentenária”.
A Major Denice frisou também que há um disparate na distribuição das terras na capital. Segundo Major Denice, 56% da população de Salvador vive em terras demarcadas – o que também ajuda a explicar o grande número de construções em áreas de riscos, como as encostas. “Só 40% vive na cidade formal. A informalidade aqui não é uma exceção, é uma regra”, pontuou.
Ao comentar a cultura de “bater uma laje” (ou seja, aumentar o imóvel para cima), prática comum em Salvador, a pré-candidata do PT à Prefeitura levantou a possibilidade de criar um serviço de assistência técnica, com consultoria feita por profissionais como engenheiros e arquitetos, para possibilitar construções seguras e livres de desastres que costumam ocorrer com construções irregulares.
Para a professora e engenheira Ermínia Maricato, o projeto é apropriado. Segundo ela, a execução de uma política pública que envolva engenharia e arquitetura pode ser vital em cidades como Salvador, onde ela afirma ter havido uma “apropriação privada em terras públicas, que teve como consequência a falta de moradia à maioria da população” – o que aconteceu em todo o Brasil, enfatizou.
“Essa ideia é não só apropriada, mas o sonho de qualquer engenheiro. O sonho dos arquitetos. Termos escritórios de assistência técnica voltados para o social. Dar condições de vidas salubres, seguras e saudáveis para quem já produziu suas casas. E, ao mesmo tempo, possibilitar melhorias nessas casas”, evidenciou a professora.
Ermínia disse ainda que o projeto pode se tornar exemplo para todo o Brasil, onde, segundo ela, há em algumas cidades projetos que instalam banheiros em casas, “Que isso se torne mais que uma política de uma prefeita, mas uma política de Estado, para que não haja possibilidades de voltar atrás. Investir onde o povo precisa. Nos últimos anos, nas prefeituras, foi muito mais aplicar no que não é necessário, do que no que é necessário”, avaliou.
Major Denice respondeu que está em processo de ouvir especialistas para que o plano seja colocado em prática. “Não temos planos que tenham diretrizes levantando o nível quantitativo dessa questão. Então, estamos num processo de escuta”, comentou a petista.
O fenômeno de migração das pessoas do interior e das zonas rurais para os centros urbanos causou um efeito dominó quanto à baixa qualidade de vida das pessoas que se deslocaram para a capital, frisou a pré-candidata do PT, explicando ainda que o início no reparo dessas questões foi dado com a criação do Ministério das Cidades no governo do ex-presidente Lula.