Em Lauro de Freitas, a disputada eleição para Conselho Tutelar fez revelações importantes da política local.
Primeiro, foi enorme o número de cidadãos a irem às urnas, mais que o dobro das eleições de 2019. Enquanto no ano de 2019, 4.777 eleitores foram votar, esse ano de 2023, foram 10.146 votantes.
O que esses números podem representar sobre o contexto geral?
Mais pessoas preocupadas com a defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente?
Mais interesses pessoais envoltos nas condições de “média estabilidade financeira” ofertadas?
Ou empenhos políticos orquestrados para aumentar notoriedades e cacifes eleitorais?
A pergunta é dificílima de responder porque, a princípio, a dinâmica política é, geralmente, movida sem transparência e sinceridade alguma, “ninguém entrega o jogo”.
Segundo, foi surpreendente o grande número de candidaturas de mulheres, com destaque da mais votada entre todos (as) conselheiros (as), Daniela Mendes (1.631 votos), que atuou com total apoio do então vereador e Secretário de Governo, Decinho.
Dos 5 eleitos, 3 foram reeleitos, são eles, Cleiton Carlucho (apoio do Secretário Carlucho e César), Jocimar Daltro (apoio evangélico), e Luanda Melo (apoio evangélico).
Tiveram destaque candidaturas mais independentes como a de Raquel Maia (498 votos) e Lene do SAC (585 votos), que mesmo sem declarada adesão partidária, religiosa ou suporte patrimonial, receberam votações expressivas e permaneceram na suplência.
Terceiro, o empenho das igrejas na disputa eleitoral em Lauro de Freitas chamou atenção esse ano. Dos 5 conselheiros (as) eleitos (as), 3 são ligados à igreja. Cheguei a ver ônibus fretados para levar eleitores à votação.
Nada contra crentes, mas sabemos que poderes abusivos de instâncias religiosas podem atrapalhar o pleito, sobretudo nesse fim da era bolsonarista, onde muitos ainda pretendem direcionar esferas do Estado para que adotem conceitos tradicionais de família e infância, etc, enfim, um perigo batendo a porta dos princípios da laicidade.
Por fim, o sonho de ativistas e militantes dedicados à genuína causa social, parece está ficando cada vez mais distante, pois com tantas interferências “de peixe grande”, o afunilamento e a elitização dessa disputa é o que mais se aproxima de uma reflexão imediata.
Sigamos com esperanças de que nossas crianças de Lauro de Freitas sejam protegidas e defendidas pelos (as) Conselheiros (as) eleitos(as).
Shayana Busson é moradora da Itinga.