A força de um gol é capaz de provocar uma revolução que dura em média 60 segundos a depender do coração apaixonado. A conquista de um título faz nascer um novo 2 de julho a cada taça erguida.
O que explica essa paixão chamada futebol?
Nas últimas semanas, presenciamos a apoteose de uma nação. O Flamengo, time de maior torcida do país, tomou as ruas do Brasil e da cidade de Lima no Peru. Era chegado o momento de soltar o grito de campeão da Libertadores da América. Conquista de maior expressão do continente latino-americano. Competição criada com o intuito de homenagear os mártires libertadores da América. Na teoria, não é pouca coisa.
Justa felicidade e euforia? 10 de cada 10 amantes do futebol diriam que sim!
No entanto cabe uma pergunta, por que o futebol mobiliza milhões de pessoas e não conseguimos repetir este engajamento nas ruas para defendermos os nossos direitos?!
Certamente, não temos respostas fáceis. Uma das teorias é que a elite desde Roma empresta os seus Coliseus para o povo extravasar toda a sua fúria, paixão e a realização de um mundo que não permite tamanha euforia na vida cotidiana.
É preciso anestesiar as massas, diriam os romanos.
Temos os nossos gladiadores redentores, diriam as massas.
Em terras brasileiras, o futebol serviu de dopamina das multidões para fazermos esquecer que vivíamos Ditaduras, Sarneys, Collor de Melo e Tucanatos no poder. “Somos a pátria de chuteiras”.
É importante dizer:
jamais devemos abdicar do futebol como patrimônio do povo. Nós escrevemos a história deste esporte, homens e mulheres, filhos do povo, levaram o nome do Brasil aos 4 cantos do mundo. E a cada gol do povo na burguesia deve ser celebrado com a agitação de uma Fonte Nova lotada em dia de Ba-VI.
Eu te convido a pensarmos juntos.
E se diante dos nossos direitos perdidos fizéssemos das ruas um Maracanã?
Imagine se a cada retrocesso Bolsonarista os milhões de torcedores brazucas encarnassem o espírito dos libertadores da América?
E se nos rebelássemos iguais aos nossos hermanos da América do Sul que se negam a viver sob a espada medieval do neoliberalismo?
O futebol pode ser um grande catalizador de transformações sociais! Para tal, desde o nascimento de um rebento, toda vez que os pais da classe trabalhadora comprarem uma camisa do time de coração, é necessário que presenteiem os seus filhos com os ídolos da nossa história:
contemos quem foi o grande craque das lutas chamado Marighella. Falem das Marielles, dos Lulas, do Carlos Drummond de Andrade. Cantemos Cartola, Maria Betânia, Chico Buarque, Luiz Gonzaga e a nossa seleção de craques.
Mostremos como é brilhante quando o povo esquece as paixões passionais da rivalidade futebolística e se unem em torno de um ideal.
Nós sabemos fazer, desde os guerreiros Malês, aos operários de São Bernardo. Sabemos lotar as ruas e dizer #elenão. Futebol e política podem e devem ser co-imãos.
Somente assim, seremos o país do futebol, e não da maioria dos clubes falidos, das torcidas em mágoas.
Somente na luta diária seremos o Brasil onde a classe trabalhadora grita o gol de todas as torcidas.
É na consciência de classe e resistência combativa que se revela a verdadeira taça libertadora que forja um país justo e de todos os brasileiros!
É chegado o momento de jogarmos juntos! Precisamos deste gol que faça tremer os trópicos e derrubar tiranos!
Necessitamos de uma conquista que dure o tempo dos corações encontrados!
Josias Gomes – Deputado Federal (licenciado) do PT/Bahia e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).