No início da pandemia, as autoridades faziam uma dolorosa interrogação: como será o comportamento da Covid-19 quando chegar às favelas do Brasil?
Comunidades que fervilham de gente, os mesmos espaços nas ruas e nos transportes, em tese seriam palcos potenciais de catástrofes monumentais, mas isso não acontece. O que houve?
Uma testagem feita pela prefeitura de Salvador em Mata Escura, Pirajá e Pernambués revelou que 33,3% (ou um terço da população) está infectada. Daí se presume que muita gente teve Covid e não sabe.
Em Manaus
Leo Prates, secretário de Saúde de Salvador, diz que há alguns aspectos a ponderar, embora também admita que na pandemia ainda há muitas questões sem respostas:
— Claro que a situação hoje é outra. Nós aprendemos a lidar mais com a doença. Antes, por exemplo, se recomendava às pessoas só procurar os hospitais se o quadro se agravasse. Agora não. Quanto mais cedo, melhor. E também o uso das máscaras ajudou muito. Mas ainda não temos dados mais precisos. O Brasil é muito grande.
Leo cita o caso de Manaus, o único lugar do país em que o corona chegou de navio e não de avião, pelo porto, na Zona Franca, área densamente povoada. A Covid matou mais de 3 mil pessoas lá e permanece. Mas a vida quase voltou ao normal. O que houve, a chamada imunidade de rebanho? A resposta ainda não se tem.
Mapa do vírus
No mapa de Covid do Ministério da Saúde, a pandemia está desacelerando em 12 estados; estagnada em nove – a Bahia inclusa; e subindo em seis.
A região em que ela está causando mais estragos no momento é o sul do país. Lá, a taxa de crescimento ainda é alta, de 18%. Já o norte do Brasil apresenta uma queda de 27%; o nordeste, de 13%; e o sudeste, 10%. Embora o país inteiro esteja flexibilizando, o fato objetivo é que a Covid está aí, matando gente.