Durante as Eleições Municipais 2020, 67 candidados tentaram utilizar o sobrenome do presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), para se eleger. De todos, apenas o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do chefe de estado, conseguiu o feito.
Além dos outros 66 “Bolsonaros” que foram derrotados, houve também políticos que foram impedidos de usar o nome do presidente para concorrer. O gestor também teve um resultado ruim entre os candidatos que apoiou diretamente em suas lives na internet, com dois terços deles derrotados neste domingo.
Mesmo seu filho, Carlos, teve uma queda de mais de 30% em relação aos 106 mil votos que obteve na eleição anterior, com 71 mil votos no último domingo (16/11). Carlos Bolsonaro também perdeu o posto de vereador mais votado no Rio de Janeiro, que havia conquistado em 2016, para Tarcisio Motta (PSOL), eleito com mais de 86 mil votos.
PARENTES E AMIGOS
O levantamento, feito pela BBC News Brasil, mostra outros parentes ou conhecidos do presidente que não tiveram sorte no pleito. Rogeria Bolsonaro (Republicanos), ex-mulher de Jair e mãe de Carlos, disputou uma vaga na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, sem sucesso. Em 2000, o presidente havia tentado impedir, na Justiça, a ex-mulher de usar seu sobrenome para concorrer a uma eleição, mas, neste ano, Rogéria concorreu com o apoio de seus filhos, que chegaram a ajudá-la, mesmo ela tendo disputado uma vaga com Carlos. Rogeria recebeu apenas 2.034 votos (0,08%) e não foi eleita.
Um primo de Jair Bolsonaro, que usou o sobrenome nas urnas, também foi derrotado. Marcos Bolsonaro (PSL) concorreu a prefeito de Jaboticabal (SP) e recebeu 4% dos votos, ficando em último lugar na disputa.
Já Walderice Santos da Conceição não é parente, mas foi sua amizade com o gestor que a tornou conhecida como ‘Wal do Açaí’. Ela era funcionária que constava da folha de pagamento do gabinete de Jair Bolsonaro quando ele era parlamentar, mas foi flagrada pelo jornal Folha de S.Paulo trabalhando em sua loja de açaí na região de Angra dos Reis, em horário de expediente, se tornando alvo de uma investigação. Wal concorreu como vereadora em Angra dos Reis (RJ) com o nome Wal Bolsonaro (Republicanos), recebeu menos de 300 votos e não conseguiu se eleger.
BAHIA
Candidatos baianos também tentaram usar o sobrenome sem sucesso. “Raimundo Bolsonaro do Sertão”, candidato a vereador em São Basílio, teve apenas sete votos. Já “Marcia Bolsonaro”, em Irecê, conseguiu ainda menos: seis votos. Em Santaluz, Nestor Bolsonaro teve um melhor resultado, com 471 votos, mas também não se elegeu.
O levantamento aponta que os baianos não são excessão: a grande maioria dos “Bolsonaros” derrotados eram candidatos nanicos que usaram o nome para puxar votos entre os apoiadores do presidente. Em alguns casos, o sobrenome do presidente aparecia apenas como parte de uma alcunha (“Capitão de Bolsonaro”, “Gil do Bolsonaro”, “Bolsonaro Sergipano”, “Rafa Apoiadores de Bolsonaro”, entre outros).
Fora isso, a BBC News Brasil ainda contou pelo menos dez pessoas que foram impedidas de usar o sobrenome e tiveram suas candidaturas impugnadas ou desistiram.