17 de maio de 2020
Cemitério de Manaus teve alta demanda de enterros em abril e maio
(Foto: Alex Pazuello/Semcom)
MANAUS – Total diário de sepultamentos na capital amazonense registrado pela Prefeitura de Manaus entre os dias 1º de abril e 15 de maio mostra que a curva do número de mortos alcançou o pico entre os dias 21 e 28 de abril e começou a declinar a partir do dia 29 de abril.
A queda da curva de mortos foi registrada no mesmo período em que a curva de infectados pelo coronavírus bateu recordes e reagiu em efeito sanfona, alcançando, no dia 11 de maio, 320 novos infectados, e dois dias depois, no dia 13 de maio, 1.648 novos casos.
No caso dos sepultamentos, a média era de 39 até o dia 11 de abril. No dia 15, subiu para 88 mortos, no dia 19 para 122 sepultamentos, no dia 21 alcançou 136 e no dia 27 atingiu o topo, com 140 enterros e cremações. Desde então, os números diários caíram.
Sepultamentos em Manaus entre os dias 1º de abril e 15 de maio (Fonte: Semulsp)
Para o professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) Henrique dos Santos Pereira, a redução do número diário de sepultamentos em Manaus tem várias influências, entre elas o aumento de leitos de UTI e o ajuste de protocolos de tratamento da Covid-19.
“É uma doença nova. Certamente, houve um tempo até que os médicos ajustassem os seus protocolos de tratamento. Então, os tratamentos, agora, devem estar mais eficientes, e, por isso, o menor número de mortos daqueles pacientes com agravamento”, disse Pereira.
O professor Henrique é coordenador do projeto Atlas ODS Amazonas, que compara dados de 2020 com anos anteriores para compreender os números registrados durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Amazonas.
Um dos gráficos elaborados no projeto compara o número de sepultamentos realizados em 2020 com os registrados em 2019 pela Semulsp (Secretaria Municipal de Limpeza Urbana). No gráfico, é possível ver o aumento do número de sepultamentos entre março e maio deste ano.
Sepultamentos em 2019 e em 2020 registrados pela Prefeitura de Manaus (Fonte: Projeto Atlas ODS Amazonas)
O professor afirma que também é preciso avaliar quantas dessas mortes foram causadas pela Covid-19. Por isso, o projeto utiliza outra fonte de dados que são as declarações de óbitos nos cartórios, que confirmam a redução de mortes relacionadas ao coronavírus a partir do final de abril.
Um painel criado pelo projeto com base em informações cartorárias informa que o pico das mortes por Covid-19 ocorreu no dia 27 de abril, com 35 mortes. No mesmo dia, Manaus teve 25 óbitos por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e 21 mortes por pneumonia.
“Na nossa última análise havia uma proporção de uma morte por Covid-19 para outras 6 ou 7 devido a causas de doenças associadas como pneumonia, septicemia, Síndrome Respiratória Aguda Grave e insuficiência respiratória”, afirmou o professor.
De acordo com Henrique Pereira, a curva declinante também pode indicar que a pandemia, em Manaus, está passando por outra fase. “Houve uma inflexão e o que se observa desde então é uma desaceleração no número de óbitos”, disse o professor.
Pereira disse que o declínio da curva de mortos em Manaus depende “da manutenção do comportamento favorável as medidas de isolamento e distanciamento social até que a dispersão da doença seja dissipada na população”, afirmou.
Para o professor, o projeto Atlas ODS Amazonas já previa que o pico seria em abril. “Esse padrão de sepultamentos é condizente com o que nós havíamos projetado nos modelos com base nos dados da Fundação de Vigilância em Saúde”, disse Henrique Pereira.
O coordenador do projeto afirmou que o número de sepultamentos registrados no sábado, 16, confirma a “desaceleração” do total de mortos na capital do Amazonas.
“Com a confirmação do dado de ontem, que foram 51 sepultamentos em cemitérios públicos, a gente teve mais um dia em que essa tendência de desaceleração do número de óbitos em Manaus se manteve”,disse.
https://amazonasatual.com.br/curva-de-sepultamentos-em-manaus-mostra-pico-de-obitos-por-covid-19-no-fim-de-abril/