Acho admirável, sério, toda esta comoção em torno do Corona Vírus, e, justo em virtude dela, fico me perguntando:
a) porque não foi suspenso o Carnaval, se as autoridades, competentes já sabiam da existência do Corona?
Mas, suspender aulas e atividades profissionais, essenciais ao desenvolvimento de um país, foi rapidinho. Não que eu condene a deliberação em relação às suspensões (não trabalho com infectologia), mas, então, por que as autoridades não têm a mesma disposição, por exemplo, para mudar o Código Penal, tornando-o mais severo e atualizado com os crimes bárbaros?
Será o Brasil, conivente com a especulação financeira, que certamente está implícita na propagação do Corona Vírus?
b) no Brasil, morrem centenas de mulheres pelo feminicídio e violência obstétrica e/ou sexual; jovens negros e pobres, pelas mãos de policiais corruptos, milícia e drogas; crianças, de fome, de miséria e falta de atendimento médico e tantas outras mortes em altos índices; idosos e criancinhas, de bala perdida, assaltos e tantas outras formas de violência; comunidade LGBT, vítimas da homofobia.
Por que não entramos, em pânico, ante um quadro tão socialmente degradante, desta droga de província na qual vivemos (isso aqui, decididamente, não é um país) e brigamos, de verdade, pelos nossos direitos? Será porque não discutimos e não entendemos de política e sim, só nos detemos em discutir partidos e políticos?
Quantos ainda morrerão, em virtude de tanta ilegalidade, iniquidade, corrupção, miséria e ignorância, até que tenhamos consciência de que nós podemos mudar esta realidade?
Quantos vírus terão que assolar o país, para que tenhamos consciência, de que precisamos mudar o foco e a maneira de nos posicionarmos em relação ao que está errado?
Já passamos pela Poliomielite e Sarampo e tantas outras enfermidades que foram-se e retornaram, passamos, também, pela Dengue, Chikungunya e Zyca, e, no caso destas três, o que o brasileiro, de concreto, fez? Adotou as medidas exigidas? Não, pois as ruas e praias continuam repletas de lixo, de recipientes que favorecem a proliferação destas doenças. Mas ninguém entra em pânico, ao ponto de, nem da sua própria casa, cuidar, ainda que digam que o Zyca vírus causa Hidrocefalia. Que país é este?
Um país, ao meu ver, que não passa de um grande circo (nada contra aos circos), onde muitas das pessoas que foram liberadas dos seus trabalhos e escolas e faculdades, estão lotando as praias, pasmem. No Rio de Janeiro, a prefeitura teve que se deslocar até elas, para solicitar que as pessoas saíssem de lá, para evitar a disseminação do COVID. Egoísmo e ignorância, absolutas, a primeira por não se preocuparem em contaminar o outro, a segunda, por não se preocuparem com eles próprios e com as pessoas que amam e deviam ser preservadas.
É assim que queremos ser respeitados no cenário internacional, ou até mesmo pelos nossos patrícios conscientes e politizados? Agindo desta forma?
Os países desenvolvidos fecharam as suas fronteiras, limitaram o ingresso, a eles, apenas às pessoas naturais dos mesmos. Mas, aqui, no Brasil, mais precisamente em Recife e Salvador, entraram dois navios carregados de turistas estrangeiros, em plena era do COVID e não importa se desembarcaram, ou não, eles não deveriam nem ter saído dos seus países de origem. Brasil, fim de linha do mundo, aonde todos entram quando e como querem e fazem o que querem.
Mudemos a nossa forma de pensar e agir, tenhamos mais consciência, procuremos mais, nos aprofundar nas questões verdadeiramente políticas e, quem sabe, talvez, não nos livremos dos vírus (especulativos), obviamente, mas teremos uma outra forma de reagir às gigantes “pílulas douradas” que querem nos empurrar, garganta abaixo.
Se liga Brasil, acorda Brasil, reage Brasil, torne-se um país de verdade, Brasil. Quem sabe assim, eu e muitos, ainda tenhamos orgulho de sermos brasileiros.
“Ê, ê, ô, vida de gado, gado marcado ê, povo feliz!” – Zé Ramalho
Por: Ray Casales
Corretora de Imóveis e Graduanda em Gestão Imobiliária