Por meio de uma nota oficial publicada em seu portal nesta quarta-feira (26), o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) se posicionou contra a prática das vaquejadas, argumentando que há maus-tratos na atividade.
“O Conselho Federal de Medicina Veterinária, após longa discussão, deliberou pela posição contrária à prática de vaquejada em função de sua intrínseca relação com maus-tratos aos animais.” – diz o texto.
O CFMV tem sede em Brasília e foi criado em 1968 por força da lei. Ele congrega os 27 Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs) e é uma instituição governamental.
A entidade detalha alguns aspectos que fazem da vaquejada uma atividade que maltrata os animais para acontecer.
“O gesto brusco de tracionar violentamente o animal pelo rabo pode causar luxação das vértebras, ruptura de ligamentos e de vasos sanguíneos, estabelecendo lesões traumáticas com o comprometimento, inclusive, da medula espinhal.” – explica a nota.
O texto cita ainda uma Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que diz que é inadequado arrastar, acuar, excitar, maltratar, espancar, agredir ou erguer animais pelas patas, chifres, pelos ou cauda. “Dessa forma, não encontramos justificativas para que os praticantes de vaquejada realizem atos considerados inadequados e não permitidos pelo MAPA, ainda que em outra situação.” – diz o CFMV.
O parecer conclui afirmando que, mesmo que fosse possível não causar danos físicos aos animais durante a vaquejada, haveria maus-tratos por ansiedade, medo e desespero. Isso porque os bovinos são presas na natureza e têm seu sistema nervoso desenvolvido para fugas rápidas de predadores. Na vaquejada, é como se eles fossem perseguidos por predadores – a maior ameaça à sua vida –, mas não pudessem fugir.
“O impedimento de fuga de uma ameaça exacerba reações límbicas de ansiedade, medo e desespero. Ainda que o sofrimento físico pudesse ser evitado, a exposição de um animal a uma situação tida por toda a história evolutiva de sua espécie, como a mais grave ameaça à vida, negando ao indivíduo a possibilidade de fuga e acumulando o desconforto visual e auditivo, confirma o sofrimento emocional a que os bovinos são expostos em uma vaquejada.”– finaliza a nota do CFMV.
Fonte:Assessoria de Comunicação do CFMV