Cobrança de ‘taxa de segurança’, nos moldes da milícia do Rio de Janeiro, começou há cerca de um ano; comerciante e sobrinho foram mortos por se recusarem a pagar.
O que antes era exclusivo nos morros controlados pela milícia no Rio de Janeiro, hoje é copiado por uma facção baiana na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Faz pouco mais de um ano que traficantes do Comando da Paz (CP) cobram taxas semanais aos comerciantes para que eles mesmos não arrombem ou assaltem os estabelecimentos. Quando o dono da loja não aceita a extorsão ou atrasa o pagamento, tem o mesmo destino de Robson dos Santos Batista, 35 anos. Ele foi morto a tiros junto com o sobrinho, no ferro-velho da família, no Lobato, em julho do ano passado. Com medo, muitos têm fechado as portas.
Entre o ano passado e esse ano, dez ferros-velhos fecharam as portas por causa do tráfico – esses estabelecimentos, que ficam no entorno da Avenida Suburbana, trecho do bairro do Lobato, são as principais vítimas. É por isso que, após as execuções de Robson e do sobrinho, Osmar Gonçalves Batista Neto, 29, no dia 30 de julho de 2019, outros donos de ferro-velho abandonaram seus negócios. Eles entenderem o recado e decidiram ir embora para não terem o mesmo fim. Os valores da ‘taxa de segurança’ exigida pelos traficantes variam entre R$ 50 e R$ 100 por semana.
A Polícia Civil informou, por meio de nota, que está “investigando a cobrança de ‘pedágio’ para os traficantes, inclusive com algumas prisões já representadas e deferidas pelo Poder Judiciário”. Informou também que a morte de Robson foi motivada “pela recusa do pagamento das taxas” e que o inquérito policial foi remetido à Justiça no dia 6 de setembro do ano passado com autoria definida – o acusado foi preso em 19 de maio deste ano.
Segundo a denúncia feita ao CORREIO por moradores e comerciantes da região, os donos de estabelecimentos comerciais depositam o dinheiro em três contas movimentadas pela organização criminosa. O responsável por recolher o montante e comandar as extorsões é o traficante Lambão, que é também gerente da CP em Cosme de Farias, onde o comércio de drogas é chefiado por José Carlos Ferreira dos Santos, o Zóio de Gato. Zóio de Gato vem tentando se reestruturar em outros bairros, já que vem sendo atacado constantemente pela Ordem e Progresso (OP), que também está no Lobato e quer o controle absoluto do mercado de drogas do bairro.
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Fonte: Correio24Horas