28.03.2022
Bariátrica assistida por robô reduz riscos para pacientes super obesos ou que precisam ser reoperados
A cirurgia robótica para obesidade já é uma realidade na Bahia desde dezembro de 2019, quando a primeira foi realizada com sucesso em Salvador. No último sábado (26), mais um procedimento desta modalidade obteve êxito na capital baiana. Conduzida no Hospital São Rafael pelo cirurgião bariátrico Creilson Almeida Campos, a operação é indicada principalmente para pacientes super obesos, que precisam ser reoperados ou nos casos tecnicamente mais difíceis. A paciente operada teve alta menos de 48 horas após a intervenção e encontra-se em casa com a melhor das expectativas em relação à nova fase de sua vida.
“O resultado do acesso robótico à cavidade abdominal em pacientes com potencial de complicação na cirurgia bariátrica é melhor porque o robô ajuda na estabilização da imagem, na iluminação, na realização de uma melhor técnica de sutura e nos movimentos delicados em locais restritos”, explicou Creilson Campos, integrante do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia. Considerada uma evolução da videolaparoscopia, a cirurgia bariátrica robótica apresenta, ainda, outras vantagens.
Os movimentos do robô, controlado pelo cirurgião, são muito precisos e a visão proporcionada pela câmera, além de ser em três dimensões (3D), é ampliada. “As pinças robóticas conseguem se movimentar em ângulos que a mão humana não consegue. O risco de sangramento e complicações é menor, a recuperação e a alta hospitalar são mais rápidas e as pequenas cicatrizes que ficam são quase imperceptíveis”, completou o cirurgião.
Pioneirismo e tendência – A primeira cirurgia bariátrica robótica da Bahia foi realizada no Hospital São Rafael pelo cirurgião do aparelho digestivo, bariátrico e colorretal Euler Ázaro, também integrante do Robótica Bahia. Especialistas acreditam que da mesma forma como a cirurgia videolaparoscópica para tratar a obesidade passou a ser frequente no Brasil nos últimos anos, a tendência é que isso ocorra com a robótica. “Não sabemos quando, mas provavelmente em alguns anos, o tipo mais comum de cirurgia bariátrica seja a robótica. Trata-se de uma evolução natural”, aponta Campos.
A mais recente Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) aponta que o número de pessoas com obesidade e excesso de peso no país não para de crescer. Em 2020, 57,5% da população adulta do Brasil estava com excesso de peso (era 55,7% em 2019) e 21,5% da população estava com obesidade (era 19,8% em 2019).
Durante a pandemia de Covid-19, as cirurgias bariátricas continuaram sendo realizadas nos casos que poderiam se agravar com o adiamento do procedimento. Alguns pacientes puderam esperar o “pior passar” e estão voltando a buscar especialistas da área. Para que a cirurgia bariátrica seja realizada, é necessário que haja indicação para o procedimento após a avaliação criteriosa de um cirurgião experiente e também de outros profissionais como endocrinologista, psicólogo, nutricionista, educador físico e até psiquiatra, em alguns casos. O acompanhamento de todos esses profissionais deve ser realizado antes e após a cirurgia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cirurgia bariátrica é recomendada para pessoas com IMC acima de 35 kg/m², que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gordura no sangue e problemas articulares. O procedimento também pode ser indicado para pacientes com IMC maior que 40 que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico.
Tipos de cirurgia – Existem diferentes tipos de cirurgia bariátrica. A gastrectomia vertical retira de 70% a 80% do estômago do paciente, restringindo a quantidade de alimento que a pessoa pode ingerir, por conta da redução do volume gástrico. Esta cirurgia implica na redução da produção do hormônio associado à fome (grelina), sem prejudicar a absorção de cálcio, ferro e vitaminas.
O bypass gástrico, por sua vez, diminui o volume do estômago e desvia o alimento ingerido da porção inicial do intestino delgado, reduzindo a absorção de carboidratos e gorduras. Todos os tipos de cirurgia bariátrica podem ser realizados com o auxílio do robô da Vinci, tecnologia disponível em Salvador para realização de cirurgias de alta complexidade.
Para evitar o ganho de peso e evitar complicações no futuro, é fundamental seguir uma rotina de saúde, que inclui horários fixos para alimentação, dar preferência a alimentos in natura e praticar atividades físicas regularmente. Mais informações sobre a cirurgia robótica estão disponíveis no site www.roboticabahia.com.br.