Dois artigos publicados na revista científica Clinical Infectious Diseases (Doenças Infecciosas Clínicas, em tradução literal) ligada à Universidade de Oxford, sinalizam novos casos de reinfecção pelo novo coronavírus. Os pesquisadores destacam que todos esses exemplos, que incluem brasileiros, ainda levantam dúvidas sobre a imunidade de quem já teve a Covid-19. As informações são do Estadão.
O primeiro relato, publicado no fim de semana por cientistas dos Estados Unidos, é de um homem de 42 anos, militar na área da saúde. Ele testou positivo pela primeira vez em março, quando sentiu febre, tosse e dores musculares, mas se recuperou e voltou a um estado de saúde considerado excelente. Porém, após 51 dias, em 24 de maio, além da febre e tosse, ele apresentou falta de ar e sintomas gastrointestinais.
Um exame de raio-X indicou infiltração pulmonar e um novo exame RT-PCR deu, novamente, positivo para o coronavírus. “Notadamente, os sintomas foram significativamente piores quando comparados com a síndrome inicial”, escreveram os pesquisadores. Análises do genoma do Sars-CoV-2 das duas ocasiões identificaram “diversas variações potenciais”, o que sugere que os vírus eram distintos e, portanto, tratava-se de uma reinfecção.
Neste caso, a segunda infecção foi mais grave do que a primeira, diferente de outros casos já relatados. Segundo a publicação científiva, a gravidade ocorreu “potencialmente devido ao aprimoramento imunológico, aquisição de uma cepa mais patogênica, ou talvez um inóculo maior de infecção, visto que a segunda exposição foi de dentro da casa”.
ÍNDIA
O segundo estudo, publicado nesta quarta-feira (23/9), no mesmo periódico, relatou o caso de dois profissionais de saúde da Índia que apresentaram reinfecção, mas dessa vez assintomática. “O relatório destaca a possibilidade de reinfecções por Sars-CoV-2 não detectadas e a necessidade de vigilância nos sistemas de saúde”, destacaram.
As vítimas são um homem de 25 anos e uma mulher de 28, que testaram positivo nos dias 5 e 17 de maio, respectivamente. Embora estivessem sem sintomas, foram hospitalizados e, posteriormente, testaram negativo em 13 e 27 de maio. Após seguirem normalmente com o trabalho em hospitais, o homem foi diagnosticado novamente com o novo coronavírus em 21 de agosto e a mulher, em 5 de setembro. Novamente, ambos não tiveram sintomas, mas apresentaram uma alta carga viral nesse segundo episódio.
Segundo a reportagem, o sequenciamento do genoma das cepas da primeira e da segunda infecção também apontaram diferenças, o que indica, de fato, uma reinfecção. “Em conjunto, nossa análise sugere que a reinfecção assintomática pode ser uma entidade potencialmente subnotificada”, disseram os pesquisadores. Eles destacam, ainda, que “uma variante genética encontrada durante a reinfecção na mulher possivelmente confere resistência a anticorpos neutralizantes”.