A atitude de João Dória, nas manchetes dos sites, atirando fora, pela janela do carro, as flores que uma ciclista lhe deu pelo crescimento das mortes nas marginais tem certamente outras razões além dos eu desprezo pela vida humana. Não, claro, que ele não as mereça, depois que liberou o aumento de velocidade nas vias – veja aqui o gráfico da Folha sobre o número de atendimentos do Samu naquelas rodovias .
Mas o que mexeu com os nervos do rapaz quase sessentão, foi o resultado do Datafolha, divulgado hoje.
Tocou no ponto G da sua existência.
Doria é um homem que se nutre da própria vaidade e aparecer como um quase nada na corrida presidencial, depois de sua entrada triunfal no cenário político, foi um bater de frente com a realidade de sua pouca significação política.
Afinal, depois de por de joelhos, na mídia, os “seniores” Aécio Neves e Geraldo Alckmin, aparecer estatisticamente tão mal quanto eles é de atirar fora o suéter de cashmère, o macacão de gari e o de pedreiro.
Surgir léguas atrás daquele bronco do Jair Bolsonaro, um Doria que limpa a boca na toalha e palita os dentes depois de comer comunistas, então, é mortal para seu ego.
O lugar onde dói ao Doria é a sua razão de viver: a vaidade, a egolatria.
É por isso que ele dá chiliques.
Doria é uma piada tão ridícula quanto aquilo que a elite paulistana – que não é um lugar geográfico mais, mas um stupid way of life, que se reproduz em todos os estados – se tornou.
Eles se acham, creem que o dinheiro e os chavões primários que repetem os tornam admiráveis, modelos incontestáveis.
São todos patos da Fiesp, a demonizar o Estado, justo o Estado que querem dirigir e controlar, por uma única razão: a de não permitir que alguém o controle em benefício público.
Afinal, não precisamos mais que a caridade, do que algumas doações de empresa em troca de merchandising, para alcancemos a justiça social, não é?
A política brasileira não é apenas podre. É uma podriça onde os vermes usam black-tie.
Comprado em Miami, naturalmente.