Após a TV Aratu, conforme anunciado no dia 2 de outubro, recusar-se a fazer o seu debate com pelo menos os sete candidatos que estão garantidos por lei, com a desculpa da pandemia e impondo a limitação de participarem somente os quatro mais bem pontuados em pesquisa, eis que o candidato Celsinho Cotrim (PROS), estranhando a decisão arbitrária e claramente política, resolveu recorrer à Justiça, para garantir que esse debate fosse feito nas mesmas condições que o da TV Band, emissora que também respeitou os protocolos sanitários.
Em seguida, a TV Itapoan, com o mesmo tipo de desculpa, resolveu cancelar o seu debate, no dia 6 de outubro, muito embora, de início pretendesse fazê-lo, chegando a até mesmo convidar os assessores dos candidatos para uma reunião, a qual foi cancelada de última hora e horas antes do anúncio de cancelamento do debate.
Como se já fosse moda, a TV Bahia, logo na sequência, no dia 9 de outubro, resolveu cancelar também o seu debate político de primeiro turno.
Menos de uma semana depois, já no dia de hoje, 14 de outubro, o jornalista que assessora Celsinho, José Calasans, recebeu o comunicado, via WhatsApp, de que a TV Aratu resolveu ser a terceira a também cancelar o seu debate, frente à notificação extrajudicial do candidato em questão, que foi, inclusive, citado nominalmente no texto enviado pela produção da emissora.
Assim, com três debates cancelados, ou seja, mais da metade do total de emissoras locais que costuma fazê-los, Celsinho Cotrim, acompanhado do seu candidato a vice-prefeito, o ex-pugilista Acelino Popó Freitas, resolveu “pôr a boca no trombone”, denunciando o esquema com o fim de impedir o crescimento dessa candidatura, a qual prejudicaria os candidatos do sistema.
Segue a nota oficial do candidato à imprensa:
“Ao longo da nossa incansável e diferenciada trajetória na política baiana, sempre promovendo novos ideais e, principalmente, novas práticas pautadas em ética e respeito mútuo, é chegado o momento de dizermos que JÁ CHEGA com toda essa perseguição.
Não se trata de algum “vitimismo” da nossa parte. Queríamos, tão simplesmente, participar igualmente do pleito como qualquer um dos nove candidatos deveriam poder — sim, acreditamos que Cezar Leite e Rodrigo Pereira têm o mesmo merecimento, sendo vítimas, por sua vez, de uma lei equivocada. Entendam, não queremos tratamento especial, algum favorecimento… Não, ao contrário, fazemos questão da igualdade no tratamento dado a nós, no devido cumprimento da Lei eleitoral, que é o mínimo do mínimo. E, infelizmente, nem isso está ocorrendo, afinal, enquanto concessões públicas, os veículos de comunicação por televisão e rádio não podem fugir à isonomia, nem sequer abster-se do seu dever cívico para com o eleitorado.
Hoje, reconhecemos que fomos vítimas porque de fato fomos. Não há outra forma de classificar nossa situação. As coisas estão bem claras, diríamos até escancaradas, a ponto da situação já estar embaraçosa para as emissoras e vergonhosa para a cidade de Salvador.
O povo soteropolitano já percebeu que há algo de errado nisso tudo. Não é nem de longe normal termos três debates cancelados, três oportunidades de apresentação dos candidatos a prefeito, cargo tão imprescindível para toda a federação, jogados no lixo, sob pressão política, um verdadeiro complô contra o nosso evidente e promissor crescimento, iniciado no debate da Band e vindo a ser impulsionado a cada novo debate — logo, quanto menos debates, menos oportunidades de crescimento e, consequentemente, menores riscos para a queda dos candidatos vinculados ao sistema político em voga.
É que, como a chapa de Celsinho e Popó poderia incomodar alguns esquemas de poder, a representação mais repulsiva da velha política, recorreu-se à alternativa mais covarde: em vez do enfrentamento, a fulga, travestida de cuidados com o novo coronavírus.
Será mesmo que tudo isso se resume à mera preocupação com a saúde de seus funcionários? Que nós saibamos, esses mesmos funcionários continuam indo para as ruas trabalhar. As emissoras não pararam a esse ponto. E, se a TV Band conseguiu fazer tudo direitinho, não havendo caso de infeção posterior divulgado, como que outras emissoras até maiores não conseguiriam fazer igual ou até melhor?
Querem saber o porquê de tanta desculpa? Respondemos: Eles querem calar a voz de Salvador que se destacou no debate da TV Band. Eles não querem que essa Salvador adote uma candidatura alternativa ao sistema. Eles preferem que o soteropolitano, embora indicando com o poder público, continue escolhendo os seus representantes oficiais, sob a alegação de que não havia outra possibilidade. Quando não são pesquisas tendenciosas, é debate cancelado. Ouçam bem: VOCÊS NÃO CALARÃO NOSSA VOZ! Salvador despertou para os absurdos que estamos vivenciando. Infelizmente, algumas emissoras, com o receio de perderem contratos de publicidade, cedem às pressões.
Por fim, mais uma vez protesto contra essas forças ocultas que estão fragilizado a democracia em nossa cidade. E tudo por interesse pessoal e partidário, nunca pensando no povo soteropolitano. E ainda alerto ao Ministério Público Eleitoral e ao Ministério das Comunicações, para que fiquem atentos a essas empresas de comunicação que, em pleno período eleitoral, cedem às pressões de intentos escusos, esquecendo-se da lei e da concessão pública que lhe foram outorgadas. Assim, EXIJO, mais uma vez, TODOS OS DEBATES EM TODAS AS EMISSORAS, porque essas só existem por conta da concessão do poder público federal.”