Em tempos de coronavírus, diga não à violência doméstica! Essa é a palavra de ordem da Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico, que conta com o apoio do Governo do Estado, por meio do projeto Pró-Semiárido, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). Com lema: “Ficar em casa é questão de saúde, dividir as tarefas, e viver sem violência também!”, a ação é uma iniciativa da Rede Ater Agroecológica e Feminista do Nordeste, que congrega organizações como a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
“É muito importante o Pró-Semiárido materializar a ação conjunta de apoio e de participação na nossa área, utilizando esta ferramenta construída por este grupo de entidades feministas. Nós todas juntas, entidades, Governo do Estado, somando na mesma luta em que reflete o local que é dos homens e das mulheres, mas que infelizmente é no espaço doméstico que a violência aparece, é no espaço doméstico onde a gente discute gênero. Onde a gente precisa construir relações mais igualitárias”, ressalta a assessora de gênero do Pró-Semiárido, Elizabeth Siqueira.
Elizabeth explica que, desde 2018, o projeto adota materiais da campanha junto às famílias agricultoras beneficiárias, durante as formações em gênero: “A campanha nos foi apresentada no Fórum Social Mundial, que aconteceu em Salvador, numa oficina realizada pela Casa da Mulher do Nordeste onde o tema era divisão justa do trabalho doméstico. Desde lá, nós incorporamos a temática nas ações porque acreditamos que trabalhar este processo de reflexão da violência e da sobrecarga, que acontece em cima das mulheres, não pode ser só trabalhado pelas mulheres, mas, sim, pela família e, principalmente, com o homem”.
A campanha nasceu a partir da percepção das desigualdades na divisão do trabalho doméstico, e ganhou mais um direcionamento neste período de enfrentamento da Covid19 e isolamento social, quando pesquisas, como a divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revelam o aumento de cerca de 22% nos casos de feminicídio no país.
Com isso, os materiais da campanha ganham um tom de denúncia e afirmam que “a divisão injusta é uma forma de violência. Dividir igualmente o trabalho doméstico e respeitar mulheres e crianças são atitudes vitais para ficarmos em casa sem violência”. “Estamos juntas nesta luta! E, nas áreas do projeto, estamos tendo a oportunidade de refletir esta campanha, que é muito rica e muito oportuna no momento de pandemia”, finaliza Siqueira.