Foto: Clécio Almeida |
Na conversa de um pouco mais de uma hora, Manuela, entre inúmeros assuntos, falou sobre sua pré-candidatura e como isso se insere na atual conjuntura da esquerda. De acordo com a deputada, é “apressada” a ideia de que sua candidatura visa ser um plano B para uma eventual impossibilidade da candidatura de Lula e negou também que o fato de concorrer vá fragmentar a esquerda.
“A despeito de termos muito acordo com relação aos últimos governos Lula e Dilma, e de nós temos acordo com relação ao golpe, é nossa obrigação em 2018 fazer um debate sobre as saídas da crise. Corremos o risco de ficar presos a agenda do que nós construímos ou de não ser o nosso campo a apresentar as alternativas pro futuro. Se não projetarmos saídas pro futuro, outros projetarão”, pontuou.
Para explicar como, na prática, sua candidatura não fragmenta o campo popular e democrático, ela fez uma analogia com um jogo de futebol. “Para nós, o sentido não é o sentido de fragmentação do nosso campo. Ao contrário. Eu partilho da seguinte tese: Somos como time de futebol. Nós queremos um craque escalado contra um time de onze ou queremos ter um time? Nossas opiniões não são únicas, temos diferenças, por isso temos partidos distintos, mas acho que devemos escalar mais jogadores para apontar saídas pro futuro. O outro lado já fez todo um ensaio, lançou uma candidatura de extrema-direita para o Alckmin, que é a verdadeira candidatura da direita brasileira, nadar a braçadas. Escalaram um time inteiro. E nós? Devemos mostrar pro povo diversas alternativas”, afirmou.
Fórum ainda questionou Manuela D’Ávila sobre como ela pretende lidar, caso eleita, ou mesmo em sua candidatura, com o machismo, visto que a ex-presidenta Dilma Rousseff sofreu um golpe jurídico, midiático e parlamentar que teve como um dos principais componentes o machismo. Manuela, que sofre em sua atuação como deputada ataques machistas quase diariamente, afirmou que é preciso “chamar as mulheres do Brasil para discutir a crise e as saídas para o futuro”.
Para a deputada gaúcha, essa discussão se faz necessária pois o outro campo político propõe em suas candidaturas em 2018 menos intervenção do estado, enquanto “quem mais sofre com a diminuição do estado são as mulheres”.
“Quando me entrevistam sobre o assunto, geralmente me perguntam sobre saúde sexual ou violência doméstica. Nós, mulheres feministas, lutamos, sim, contra a violência de gênero, mas não somos só isso. Queremos discutir saídas para a crise e um projeto para o Brasil”, analisou.
Assista [aqui] a íntegra da entrevista transmitida pela Fórum.