A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou ser 5,56 o calibre da arma que matou o menino João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos. Isso significa que o menino – baleado durante uma operação no Complexo do Salgueiro (RJ) – foi atingido por um disparo de fuzil e que o tiro pode ter partido de policiais.
O delegado Allan Duarte, titular da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), responsável pela investigação, afirmou na sede da unidade especializada, em Niterói (RJ), acreditar que o caso será solucionado rápido. Nesta quinta-feira (21), também foi ouvido na delegacia o piloto e comandante da aeronave que resgatou João Pedro.
“[O piloto] Esclareceu para gente como foi feita a penetração do local, o socorro logístico do jovem. Hoje também recebemos o laudo de projetil, a gente já tem o calibre dessa arma”, detalhou Duarte.
Duarte acrescentou que o próximo passo da investigação é submeter a bala a exame de confronto balístico com o armamento apreendido com os policiais – dois fuzis calibre 7.62 e um 5.56. Ele também disse que é possível ser feita uma reprodução simulada e ouvir mais pessoas.
“A investigação caminha e a gente acredita que num período curto de tempo a gente consiga chegar a uma solução para o caso”, disse Allan Duarte.
Protocolo para socorro
O G1 apurou que os pilotos de aeronave relataram seguir protocolo da corporação ao para socorrer João Pedro para a sede do Seviço Aeropolicial (Saer), na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio.
Uma fonte afirmou que a decisão é tomada em “campo”, e que é verificado a autonomia da aeronave – quanto há de combustível – e se o ponto de pouso tem especificações técnicas para comportar o peso e o tamanho do helicóptero.
De acordo com a mesma fonte, a ida para a sede do Saer seria justificada por lá haver um socorrista capacitado e, de lá, a vítima poderia ser levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Os agentes teriam avaliado que um socorro terrestre para outra unidade de saúde demoraria mais.
Outro motivo teria determinado a tomada de decisão dos agentes: o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat) – mais próximo do Complexo do Salgueiro – não seria homologado para receber a aeronave.
Bala ficou alojada
A bala que matou João Pedro entrou pela altura do estômago, na barriga, perfurou o pulmão do garoto e ficou alojada na escápula – osso no alto das costas, perto do ombro. As informações constam em perícia preliminar feita pela polícia.
Três fuzis e uma pistola dos agentes envolvidos na ação foram apreendidas. Os trâmites para o confronto balístico pode determinar se o tiro saiu de alguma dessas armas. Segundo os peritos, o disparo foi “alta energia cinética.
Policiais já foram ouvidos
Os policiais envolvidos na ação já foram ouvidos, inclusive o copiloto do helicóptero da Polícia Civil usado para resgatar João.
Os investigadores descartaram qualquer relação da família do menino com os criminosos que fugiam dos policiais no momento em que João foi baleado.
Corregedoria apura socorro
Além do inquérito aberto na Divisão de Homicídios, a Corregedoria da Polícia Civil também instaurou um procedimento para apurar a conduta dos policiais envolvidos na ação.
Um dos pontos que a investigação tentará responder é em relação ao socorro de João Pedro. Os investigadores querem entender a escolha feita pela equipe do Saer (Serviço Aeropolicial) de levar o menino a sede da unidade, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio.
Apesar de ter uma estrutura montada para o primeiro atendimento, com dois médicos socorristas, o heliponto fica longe de São Gonçalo. Mais perto dali, no Colubandê, fica o Hospital Estadual Alberto Torres, uma das referências para atendimento de baleados no Rio de Janeiro.
Na delegacia, os policiais foram perguntados sobre essa opção de levar João Pedro para a Lagoa. Eles explicaram que acionaram o corpo médico dos bombeiros, que se prepararam para o pronto-atendimento e que “foi uma decisão de momento”.