Por Altamiro Borges
Na semana passada, o Ministério Público da Espanha pediu dois anos de cadeia para o jogador Neymar por suposta fraude na transação da sua transferência do Santos para o Barcelona, em 2013. Além da detenção, o promotor José Perals fixou uma multa ao craque de 10 milhões de euros. Ele também solicitou a prisão por cinco anos de Sandro Rosell, presidente do time catalão na época da negociata. Ele é acusado de corrupção na assinatura do contrato com o fundo de investimento DIS, que era dono de 40% do passe do atacante. O julgamento de Neymar na “Audiência Nacional” – o tribunal especial com jurisdição em todo o território espanhol – está previsto para o início do próximo ano.
No pedido de abertura do processo, o DIS, que se diz prejudicado pela fraude, fez duras acusações ao clube e ao craque: “O Barcelona e o jogador burlaram as normas da Fifa e alteraram a livre competição no mercado de transferências. Mas, mais que o enfoque legal, devemos nos perguntar que tipo de exemplo dá um esportista que é capaz de trair assim quem confiou e investiu nele, incluindo a assinatura de contratos simulados. São esses valores que queremos transmitir a nossos filhos? São esses os valores do Barcelona? O que pensam os patrocinadores do Barcelona e do jogador? Não podemos consentir que Neymar seja exemplo para nossos filhos”.
Apenas para relembrar, quando o craque santista se transferiu para o Barcelona foi anunciado que ele recebeu 17,1 milhões de euros. De imediato, surgiram suspeitas de fraude. Uma investigação conduzida na Espanha concluiu que o valor real da transação foi de 86, 2 milhões de euros. Diante da descoberta, o time catalão admitiu a fraude. A crise levou à queda de Sandro Rosell da presidência do clube, em janeiro de 2014. Foi baseado nessa investigação que o DIS, em junho de 2015, apelou à Justiça espanhola. O processo até chegou a ser arquivado, mas agora voltou à tona com novas revelações sobre a fraude, que também resultou em sonegação de impostos para os cofres públicos.
É bem provável que o jogador, considerado um dos melhores do mundo, não deixará os gramados para ingressar na cadeia. No máximo, ele talvez tenha que pagar a multa – que não é tão alta para quem recebe milhões de euros em salário e publicidade. Os advogados de defesa do atacante já informaram que ingressarão com recursos em instâncias mais altas, como a Corte Suprema da Espanha. Eles também pediram a absolvição dos pais do jogador, que são sócios da N&N – a empresa familiar que assinou o contrato com o time catalão. Mesmo assim, o caso vale como exemplo.
O craque Neymar, que deu apoio ao tucano Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014, está na berlinda. Já o cambaleante segue livre e solto. O “juiz” Sergio Moro parece que não acompanha o futebol… e nem é muito sério com a Justiça!