Um grupo de mulheres, funcionárias públicas de Lauro de Freitas, têm reivindicado maior participação e poder de intervenção nas ações e encaminhamentos deliberados pelas agremiações que representam as diversas categorias do funcionalismo público municipal.
Elas reclamam das inúmeras tentativas de cerceamento de participação, ministradas por homens, que na maioria das vezes se sentem incomodados com a presença das mulheres nesses fóruns.
Na manhã da última sexta feira (25), alguns funcionários públicos, foram tentar uma agenda com a prefeita no auditório da SECULT, para debater reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho. A presença de homens e mulheres, representantes das associações, no local onde aconteceria a reunião, criou um ambiente de tensão e não deixou dúvidas de que existem conflitos de gênero em curso na estrutura da administração pública municipal.
As funcionárias Roberta Ribeiro da SESP (e também Conselheira de Igualdade Racial), Márcia Barreto e Magda Oliveira da SEMED confirmaram os atos que elas classificam como assédio moral e tentativa de alguns homens de impor o que acham ser o certo para eles.
“Alguns homens tentam criar um monopólio das informações, tentam minimizar nossa participação e tentam nos intimidar. É como se não fossemos capazes de pensar. Para nós restam as tarefas de ir ao cartório autenticar documentos e manter as pastas arrumadas”. Afirmam.
Há também as tratativas que diminuem as mulheres, como por exemplo, uso de frases do tipo: “sim, diga aí garota”; “você está falando merda”; “você não sabe nada do que você está falando” e em outros momentos acusam-nas de não possuir determinada informação pelo fato de não terem perguntado.
“Muitas vezes, sinto falta da cordialidade, da tolerância, da objetividade e transparência que são imprescindíveis nas relações humanas” Afirma Magda.
Ainda há a pressão para saber todos os passos dados por elas, enquanto eles não precisam dá satisfações de suas ações.
“As manipulações, contradições e ocultação dos fatos com o objetivo de diminuir a mulher está se tornando uma prática desses homens que fazem de tudo para forçar estar à frente”, diz a servidora Roberta.
“O objetivo dessas mulheres é intensificar a participação das servidoras publicas nas negociações/eventos!! É necessário agir!! “Quebramos o silêncio, pois não aceitaremos a posição de subordinação”, diz Márcia.
A coordenadora do Centro de Referência Lélia Gonzales, Sulle Nascimento, de posse das denúncias apresentadas, afirmou que a indiferença e o desencorajamento são táticas que o machismo utiliza para submeter as mulheres à condição de obediência plena. Sulle disse também, que ainda que o assédio denunciado não seja praticado na esfera hierárquica das secretarias e sim dentro das agremiações que representam as categorias, a gravidade dos fatos é a mesma.
“Essas mulheres precisam procurar a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres – SPM e utilizar as estruturas disponibilizadas no sentido de potencializar suas lutas. A SPM foi instituída pela prefeita para combater o machismo e é lá que estão as mulheres militantes que detém experiências nessas relações”. Finalizou.
Por: Ricardo Andrade