Um dia de sol acabou manchando a reputação de Caio Ricardo, um jovem de 18 anos. Ele estava na praia com um amigo quando acabou filmando, sem querer, o início do tiroteio na Praia de Jaguaribe, na última terça-feira (5/1), que resultou na morte de três pessoas. O vídeo não mostra vítimas ou assassinos, mas foi o suficiente para o “tribunal da internet” dizer que o rapaz tinha relação com as cenas de horror.
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As imagens revelam apenas ele e um amigo, que tem menos de 18 anos, fazendo poses, mas a posição de sua mão se assemelha a um cumprimento usado pela facção Comando da Paz – o “Tudo Dois”. “Eu vi comentários de pessoas dizendo que eu tenho envolvimento com o crime, que eu ‘tava’ exaltando facção. Eu não tenho nada a ver”, se defendeu, durante entrevista ao Aratu On nesta sexta-feira (8/1).
Caio mora perto da praia onde tudo aconteceu. Naquela terça, ele havia marcado uma partida de futebol com os amigos. “Eu tinha ido à praia pra jogar bola, quando comecei a filmar com meu amigo, brincando. Na hora em que eu ouvi os tiros, me assustei. Quem estava na praia começou a correr e eu corri junto. No final do vídeo, quando a gente ouve os tiros, ainda dá pra ver nossas caras de assustados”, narrou.
O arquivo caiu no WhatsApp e foi altamente compartilhado. No Instagram de Caio Ricardo, a única publicação nos “destaques” é exatamente um pedido para que parem de o associar com o homicídio. “Existem pessoas que estão se aproveitando da situação para compartilhar o vídeo, fazendo com que minha imagem seja passada de forma totalmente errônea, e que podem causar consequências gravíssimas!”.
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REPERCUSSÃO
O vídeo começou a circular após o próprio jovem enviar aos amigos e familiares, contando que passou pelo sufoco, mas não se feriu. “Como eu tinha postado outras coisas dizendo que eu estava lá, muitas pessoas começaram a perguntar se eu estava bem, se eu estava no local. Mandei o vídeo pra alguns amigos, falando que sem querer eu gravei quando tudo começou, e esse vídeo começou a circular”, relatou.
O jovem chegou a ir até a Polícia Civil para se apresentar e reforçar que não teve participação no crime. À redação do Aratu On, ele contou ainda que foi de pouca ajuda às investigações, pois não chegou a ver os suspeitos. “Acho que eu estava a uns 70 metros do cara que era o alvo, mas não sei direito. Quando eu ouvi os tiros, eu só corri como todo mundo, não cheguei a ver ninguém sendo atingido, só corri”, explicou.
Questionado pela reportagem do Aratu On, na quinta-feira (7/1), o titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos, Odair Carneiro, explicou que Caio realmente fez o registro sem querer. “Eles [que aparecem no vídeo] foram identificados e estavam a cerca de 60 metros do local do crime. Os dois estavam fazendo uma comemoração e não têm relação com a ação. Depois que ouviram os disparos, se assustaram e correram”.
“Logo depois do incidente, fiz questão de vir aqui no stories e deixar bem claro que o sinal feito não teve a intenção de exaltar nenhuma facção! Fiz justamente para que não ocorresse um mal entendido, porem quanto mais o vídeo foi compartilhado, mais pessoas pesaram o contrário”, publicou.
CASO
Os mortos foram identificados como Lucas Santos da Cruz, de 27 anos, Juliana Celina Santana, 20, e o adolescente Igor Oliveira Lima, 17. segundo a Polícia Civil, apenas Lucas seria o alvo da ação criminosa, pois os três não se conheciam e moravam em pontos diferentes de Salvador. Duas pessoas foram presas, além de um taxista que “deu fuga” ao grupo. Outro suspeito está sendo procurado.
O tiroteio aconteceu por volta das 15h. Quatro homens chegaram em duas motos, dois desceram para a areia para executar o alvo, Lucas. Depois, testemunhas relataram que os criminosos começaram a atirar de forma aleatória, atingindo as outras vítimas, fugindo em seguida. Além do trio, outras três pessoas foram baleadas e encaminhadas para unidades de saúde. Uma das feridas foi a mãe de Juliana Celina Santana.