Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
O diplomata Ernesto Fraga Araújo, novo chanceler anunciado por Jair Bolsonaro, compõe lindamente com o restante do time da República das Caneladas.
Seguidor de Olavo de Carvalho, por este indicado ao cargo, Ernesto é dono de um blog chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”, em que expõe suas ideias.
Basicamente, são teorias da conspiração de extrema direita que não juntam lé com cré, alicerçadas nos ataques contra os globalistas, o bicho papão de todo idiota que se considera sabedor dos grandes mecanismos que movem o mundo.
Um aperitivo do pensamento ernestino:
“A esquerda se define, hoje, como a corrente política que quer fazer tudo para que as pessoas não nasçam. Aborto, criminalização do desejo do homem pela mulher, contestação do ‘patriarcado’ e da diferenciação entre os sexos, desmerecimento da reprodução, sexualização das crianças e dessexualização ou androginização dos adultos, demonização de qualquer defesa da família ou do direito à vida do feto como ‘fundamentalismo religioso’, desvalorização da capacidade gestativa da mulher, tudo isso aponta num único sentido: não nascer.”
“O climatismo é basicamente uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder. O climatismo diz: “Você aí, você vai destruir o planeta. Sua única opção é me entregar tudo, me entregar a condução de sua vida e do seu pensamento, sua liberdade e seus direitos individuais. Eu direi se você pode andar de carro, se você pode acender a luz, se você pode ter filhos, em quem você pode votar, o que pode ser ensinado nas escolas. Somente assim salvaremos o planeta. Se você vier com questionamentos, com dados diferentes dos dados oficiais que eu controlo, eu te chamarei de climate denier e te jogarei na masmorra intelectual. Valeu?”
E por aí vai.
A nomeação de Ernesto ocorre na mesma semana em que Cuba mandou que os profissionais do Mais Médicos se retirassem, na esteira de uma chantagem estúpida de Bolsonaro que ele tentou transformar em preocupação humanitária.
Um amigo do DCM com experiência em relações internacionais acredita que Bolsonaro está usando, talvez sem querer, a “Teoria do Louco”.
A ideia é o sujeito se apresentar como imprevisível e disposto a qualquer coisa. Isso intimidaria o “inimigo”, que recuaria já que o outro é insano.
A “Teoria do Louco” prevê que o comportamento supostamente irracional seja deliberado, um fingimento, mas crível pelo outro lado. O “inimigo” acha que está lidando com um indivíduo mentalmente instável.
Em 1517, Maquiavel escreveu que às vezes é “muito sábio simular loucura”. Nixon deu corpo à coisa. Ele explicou o estratagema a seu chefe de gabinete, H. R. Haldeman.
“Quero que os norte vietnamitas acreditem que eu chegaria ao ponto de fazer qualquer coisa para acabar com a guerra”, disse.
“Iremos somente dizer algumas palavras, ‘pelo amor de Deus, vocês sabem que Nixon está obcecado com o comunismo. Não poderemos contê-lo quando ficar com raiva’”.
Especulou-se que Donald Trump seguiu essa trilha em suas escaramuças com a Coreia do Norte.
“Temos que ser imprevisíveis”, respondeu Trump ao Washington Post quando lhe foi perguntado sobre o que pretendia fazer em relação à expansão chinesa. “Somos muito previsíveis, e o previsível é ruim.”
Os EUA foram escorraçados do Vietnã. Trump trata a China com deferência. E eles têm 2 metros de altura.
Bolsonaro é um anão. A Teoria do Louco pressupõe que quem a pratica tem noção do que está fazendo.
No caso de Bolsonaro, é apenas truculência e imbecilidade sem plano B. Ele expulsa os “comunistas”, mas não sabe o que vai pôr no lugar.
A tropicalização bolsonarista desse estratagema dará em algo de que os historiadores vão falar muito num futuro próximo: a “Teoria da Besta”.
Seguidor de Olavo de Carvalho, por este indicado ao cargo, Ernesto é dono de um blog chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”, em que expõe suas ideias.
Basicamente, são teorias da conspiração de extrema direita que não juntam lé com cré, alicerçadas nos ataques contra os globalistas, o bicho papão de todo idiota que se considera sabedor dos grandes mecanismos que movem o mundo.
Um aperitivo do pensamento ernestino:
“A esquerda se define, hoje, como a corrente política que quer fazer tudo para que as pessoas não nasçam. Aborto, criminalização do desejo do homem pela mulher, contestação do ‘patriarcado’ e da diferenciação entre os sexos, desmerecimento da reprodução, sexualização das crianças e dessexualização ou androginização dos adultos, demonização de qualquer defesa da família ou do direito à vida do feto como ‘fundamentalismo religioso’, desvalorização da capacidade gestativa da mulher, tudo isso aponta num único sentido: não nascer.”
“O climatismo é basicamente uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder. O climatismo diz: “Você aí, você vai destruir o planeta. Sua única opção é me entregar tudo, me entregar a condução de sua vida e do seu pensamento, sua liberdade e seus direitos individuais. Eu direi se você pode andar de carro, se você pode acender a luz, se você pode ter filhos, em quem você pode votar, o que pode ser ensinado nas escolas. Somente assim salvaremos o planeta. Se você vier com questionamentos, com dados diferentes dos dados oficiais que eu controlo, eu te chamarei de climate denier e te jogarei na masmorra intelectual. Valeu?”
E por aí vai.
A nomeação de Ernesto ocorre na mesma semana em que Cuba mandou que os profissionais do Mais Médicos se retirassem, na esteira de uma chantagem estúpida de Bolsonaro que ele tentou transformar em preocupação humanitária.
Um amigo do DCM com experiência em relações internacionais acredita que Bolsonaro está usando, talvez sem querer, a “Teoria do Louco”.
A ideia é o sujeito se apresentar como imprevisível e disposto a qualquer coisa. Isso intimidaria o “inimigo”, que recuaria já que o outro é insano.
A “Teoria do Louco” prevê que o comportamento supostamente irracional seja deliberado, um fingimento, mas crível pelo outro lado. O “inimigo” acha que está lidando com um indivíduo mentalmente instável.
Em 1517, Maquiavel escreveu que às vezes é “muito sábio simular loucura”. Nixon deu corpo à coisa. Ele explicou o estratagema a seu chefe de gabinete, H. R. Haldeman.
“Quero que os norte vietnamitas acreditem que eu chegaria ao ponto de fazer qualquer coisa para acabar com a guerra”, disse.
“Iremos somente dizer algumas palavras, ‘pelo amor de Deus, vocês sabem que Nixon está obcecado com o comunismo. Não poderemos contê-lo quando ficar com raiva’”.
Especulou-se que Donald Trump seguiu essa trilha em suas escaramuças com a Coreia do Norte.
“Temos que ser imprevisíveis”, respondeu Trump ao Washington Post quando lhe foi perguntado sobre o que pretendia fazer em relação à expansão chinesa. “Somos muito previsíveis, e o previsível é ruim.”
Os EUA foram escorraçados do Vietnã. Trump trata a China com deferência. E eles têm 2 metros de altura.
Bolsonaro é um anão. A Teoria do Louco pressupõe que quem a pratica tem noção do que está fazendo.
No caso de Bolsonaro, é apenas truculência e imbecilidade sem plano B. Ele expulsa os “comunistas”, mas não sabe o que vai pôr no lugar.
A tropicalização bolsonarista desse estratagema dará em algo de que os historiadores vão falar muito num futuro próximo: a “Teoria da Besta”.