A emancipação é o marco da independência política do município. O processo que se inicia em 1930, no país, é totalmente intensificado com o final da Ditadura Militar. Após a promulgação da nossa Constituição Federativa, em 1988, os municípios passam a ser considerados entes federativos, desempenhando um papel mais relevante na administração pública brasileira. Nesse período, Lauro de Freitas era um jovem município, com 26 anos de emancipação, em pleno amadurecimento. Hoje, aos 57 anos, estamos enfrentando fortes desafios, por conta de riscos naturais e culturais bem como de retrocessos no governo Federal
Somos um município de meia idade, em fluxo de crescimento. Temos uma forte atividade industrial, forte comércio e um grande potencial turístico, considerando características ambientais, geológicas e culturais, além da reminiscência de quilombos, tribos indígenas e da formação de diversos grupos sociais. Dos quase 196 mil habitantes, mais de 30 mil integram a comunidade escolar municipal, incluindo educadores, educandos, gestores e demais servidores.
Para atender o nosso contingente de educandos, desenvolvemos na nossa rede municipal de ensino, uma série de ações que ultrapassam os limites materiais e mentais da escola. Para tanto, utilizamos de diversas estratégias de ampliação dos horizontes educacionais, penetrando em diversas esferas da cultura, da economia, das relações sociais, apropriando-se da cidade e de seus equipamentos e dinâmicas como linguagem educativa.
O concurso Literário Artístico da Emancipação é uma dessas atividades. Envolvemos a participação das escolas, de modo espontânea, no desfile cívico, estendendo as discussões até o mês de novembro, quando realizamos a premiação do concurso literário. O tema deste ano – ‘Minha Cidade tem história e Memória: resgatando ancestralidades e identidades em Lauro de Freitas’ – é totalmente relevante para pensarmos a emancipação municipal nesse momento em que o governo Federal, acentuou a crise política em todo o território nacional. E claro, estamos sentindo os reflexos dessa crise aqui em nosso município.
Portanto, o tema escolhido por nossa Coordenação Pedagógica é extremamente pertinente para que, enquanto munícipes, possamos refletir sobre nossa atual conjuntura política, econômica e social. Para que possamos refletir sobre os efeitos desse momento de total segregação e restrição de direitos sociais, principalmente na esfera da educação básica. E não apenas em termos de repasses de recursos, mas também nas inúmeras distorções de valores, de metodologias e de princípios pedagógicos que esse governo Federal tem provocado nas mentes dos cidadãos.
Além das nossas próprias questões pessoais, sociais e econômicas, estamos enfrentando essa retrograda crise política. Portanto, o tema da emancipação é também uma provocação para lembrarmos que nestes 57 anos conseguimos seguir uma linha contínua de autonomia, independência e desenvolvimento social e econômico, mesmo com os riscos naturais e culturais gerados por processos de globalização, mutações tecnológicas e pelas transformações locais. E é nessa história de desenvolvimento e em nossa ancestralidade que devemos buscar inspiração para superarmos os desafios que essa crise nacional está nos impondo. Afinal, nossa cidade tem história e tem memória, nada pode nos deter!
Vânia Galvão
Secretária Municipal de Educação de Lauro de Freitas